Funcionários do Procon ameaçam entrar em greve nesta terça (22)

Categoria pede aumento de 25,2%, mas governo Doria oferece no máximo 10,3%

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São Paulo

Funcionários do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) decidem em assembleia na tarde desta terça-feira (22) se devem entrar em greve ou não. A classe está insatisfeita com a reposição salarial de 10,33% oferecida pela gestão de João Doria (PSDB).

Esse percentual é baseado na variação do IPC-Fipe acumulado nos últimos 12 meses. No entanto, os quase 600 colaboradores do órgão pleiteiam reajuste em torno de 25%.

Segundo Lineu Mazano, presidente do Sispesp (Sindicato dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo), desde 2018 não houve nenhuma reposição salarial.

Fiscais do Procon fazem operação no Mercado Municipal de São Paulo - Zanone Fraissat - 17.fev.2022/Folhapress

"Os funcionários do Procon sofrem com a perda salarial de 25,26%, isto é, referente ao acumulado desde 2018. A diretoria do Procon tem encaminhado nossas propostas, mas o governo trata o servidor com o mínimo de respeito", afirma Mazano.

"Desde fevereiro temos realizado assembleias com os funcionários do Procon e, na de amanhã [terça-feira], decidimos como será deflagrada a greve", completou o sindicalista.

A Folha entrou em contato com a assessoria de comunicação do governo estadual. O órgão disse que caberá ao Procon responder a dúvidas sobre o assunto.

Fernando Capez, diretor do Procon, afirmou que está confiante num acerto de contas até esta terça, o que acabaria com a possibilidade de uma paralisação.

Segundo Capez, o governo poderia oferecer um dissídio aos servidores do órgão de defesa ao consumidor em 20%, assim como Doria concedeu para os profissionais da saúde e da segurança pública

"O Procon compreende a decisão da Comissão de Política Salarial [órgão vinculado ao governo estadual], mas entende que os percentuais devem ser equiparados aos dos servidores da segurança e da saúde. A fiscalização do Procon atuou juntamente com essas duas classes na pandemia", afirmou Capez.

Outro argumento do diretor é que o Procon tem sido superavitário para os cofres públicos.

"Acreditamos no sucesso do diálogo, e não do confronto. O Procon repassou entre 2019 e 2021 mais de R$ 500 milhões de superávit para o governo", diz o diretor da fundação.

A reportagem apurou que o governo entende que o dissídio deve ser igual para todas as autarquias, independentemente do seu resultado financeiro.

Nesta terça (22), a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) deverá discutir e votar três propostas de Doria: a de reajuste dos salários dos servidores, o plano de carreira para os profissionais da educação e o aumento do salário mínimo estadual.

Além de estabelecer um dissídio em 20% aos profissionais da saúde e da segurança pública, Doria oferece aumento de 10% às demais categorias de servidores, incluindo os aposentados. Os novos valores serão válidos a partir da folha salarial deste mês.

Já o plano de nova carreira, destinado aos profissionais da educação, estabelece uma reposição de 73% em relação ao piso salarial da categoria. Desde 2020, o piso salarial de professores da rede estadual paulista é de R$ 2.886,24, valor mínimo estabelecido pelo governo federal para o pagamento de docentes. Com a proposta, o valor passaria para R$ 5.000 a partir de março deste ano.

A adesão ao piso é facultativa e não é unanimidade entre os professores. Ao aderir, os professores passam a integrar o regime de remuneração por subsídio —o que exclui a incorporação de gratificações, bônus ou prêmios atualmente existentes.

Em uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) pleiteia uma reposição salarial de 33,02% no salário base dos professores do estado para se adequar ao piso nacional da categoria.

O outro projeto, previsto para ser discutido nesta terça na Alesp, é referente ao aumento de 10,3% sobre o salário mínimo estadual. O trabalhador que se enquadra na faixa 1, por exemplo, passa a receber R$ 1.284, e o que faze parte da faixa 2, R$ 1.306. O salário mínimo estabelecido pelo governo federal é de R$ 1.212.

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