Descrição de chapéu Obituário Tarcísio de Barros Aranha (1961 - 2022)

Mortes: Veterinário era amigo dos animais do Bexiga

Tarcísio de Barros Aranha era conhecido como doutor House dos gatos

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São Paulo

O mineiro Tarcísio de Barros Aranha não era um veterinário comum. Tagarela, piadista e bom de papo, ele às vezes aparentava ter um mau humor engraçado quando clientes desesperados tocavam sua campainha após o expediente com um bicho debilitado. Não deixou de atender nenhum.

Obcecado em obter o diagnóstico de seus fiéis clientes, Tarcísio era conhecido como o doutor House dos gatos, em referência ao personagem da série de TV que era o rei dos diagnósticos médicos impossíveis.

Muitos bichos desacreditados, com chances mínimas de sobreviver, praticamente ressuscitavam quando chegavam ao charmoso sobrado no Bexiga, na região central de São Paulo, consultório onde os "milagres" aconteciam.

Homem de cabelo grisálio, com blusa preta e óculos na cabeça, segura gato amarelo e branco
O veterinário Tarcísio de Barros Aranha - Arquivo pessoal

"Ele não tinha paz. Lia artigos para se atualizar e explicava tudo em detalhes aos ‘pais’ dos pets. Ele poderia ser um professor", afirma a enfermeira Ágata Lechar Aranha, 27, filha do veterinário.

Tarcísio mostrava e explicava tudo que estava fazendo com o animal e deixava alguns donos, os mais fortes, assistirem às castrações dos bichanos. Ele também não media esforços para cuidar dos bichos da vizinhança, com o suporte de ONGs.

Ágata cursou enfermagem na mesma faculdade em que o pai fez veterinária, a UEL (Universidade Estadual de Londrina), e quando morava lá fazia chamadas de vídeo com ele, o que influenciou em sua carreira.

"Ficávamos horas discutindo os casos, geralmente pacientes renais. Eu levei todo esse jeito dele para minha profissão, refletiu na minha prática. Tenho muito orgulho em ser como ele", afirma Ágata.

A advogada Bárbara Ratis Moreira Candeo, 49, que tratava seus gatos com o veterinário havia mais de 20 anos, diz que Tarcísio era prático. "Quando eu levava os gatos para vacinar, ele aproveitava e olhava tudo. Ele era diferenciado pelo carinho que ele tinha com os 'cabeçudos', como ele costumava chamá-los."

Ágata conta que desde criança frequentava a clínica do pai, quando ainda era na rua Augusta, e uma noite ajudou no nascimento de ninhada de cães.

A enfermeira afirma que vai manter a clínica aberta com a ajuda de colegas veterinários. "É como ter ele ali conosco."

Tarcísio estava internado quando morreu, em 13 de março de 2022, em decorrência de aneurisma da aorta abdominal, que levou a um choque hipovolêmico. Ele tinha 60 anos e deixa dois filhos, Ágata e Enrico, a mulher, Adriana, e uma legião de bichos que ajudou a salvar.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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