Descrição de chapéu cracolândia

Ação de limpeza termina em confronto na cracolândia em São Paulo

Ordem dada por guarda teria desencadeado confusão, que deixou ao menos um ferido

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São Paulo

Guardas-civis metropolitanos entraram, no início da tarde desta terça-feira (10), em confronto com usuários de drogas que se concentram na cracolândia da praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo. A confusão se estendeu por quase duas horas. Segundo a GCM e a Polícia Civil, ninguém foi preso.

À Folha, um inspetor da GCM, que não quis se identificar, disse que o episódio teve início durante uma ação de zeladoria, realizada rotineiramente na praça. Segundo ele, as equipes foram atacadas de maneira hostil, com pedras e garrafas. Com isso, diz ele, foi necessária a intervenção.

Outro inspetor, que se apresentou apenas como Vladimir, contou que as hostilidades por parte dos usuários tiveram início quando foram avisados de que não poderiam permanecer na calçada da rua Guaianases, ao lado da praça. Nesse momento, conforme o inspetor, eles passaram a atacar os guardas.

Um frequentador da praça, que não quis se identificar, afirmou que a confusão começou quando um homem jogou uma pedra contra um guarda-civil que o mandou desmontar a barraca.

De acordo com o inspetor Vladimir, um guarda ficou ferido na mão esquerda ao ser atingido por uma pedra.

GCM observa a praça Princesa Isabel
Operação de limpeza na cracolândia termina em confronto com GCM - Paulo Eduardo Dias/Folhapress

Iniciado o confronto, enquanto PMs tentavam controlar usuários, estes ateavam fogo em sacos de lixo nas vias do entorno da praça a fim de evitar o avanço deles. Com escudos, guardas-civis protegiam agentes da prefeitura que removiam barracas espalhadas pela praça.

Em um momento, um dos guardas, que protegia funcionários da limpeza, disparou balas de borracha na direção de usuários que tentavam se aproximar dele.

O tumulto levou ao fechamento de vias no entorno da praça e ao espalhamento de usuários de droga pelas avenidas Rio Branco e Duque de Caxias. Pontos de ônibus da região foram depredados.

Assustados, comerciantes baixaram as portas com medo de ataques e arrastões.

Por volta das 15h, o trânsito nas vias próximas à Princesa Isabel já havia sido liberado. E os usuários de droga voltaram a ocupar a praça.

Segundo a assessoria de imprensa da PM, os policias dão apoio à operação, que é da GCM. Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana afirmou que "durante o policiamento de rotina, alguns indivíduos arremessaram objetos em direção às equipes da GCM, que conteve a ação com o uso moderado da força e utilização de equipamentos de menor potencial ofensivo". Não houve feridos e ninguém foi preso, segundo a secretaria.

Após anos de tentativas frustradas de autoridades paulistas para pôr fim à chamada cracolândia da região central, principal ponto de concentração de usuários e traficantes de crack na capital, as ruas do entorno da praça Júlio Prestes ficaram desertas no final de março.

Repentinamente, parte da massa de usuários migrou para a praça Princesa Isabel, a poucos metros do primeiro endereço, e o restante fragmentou-se pela cidade.

Para a Polícia Civil, a migração não causou surpresa às equipes que atuam na região porque, segundo ela, a mudança era esperada havia cerca de dois meses, desde que passaram a pôr em prática a terceira e última etapa de atuação no local, com os "pinçamentos" de traficantes no núcleo do "fluxo".

Segundo a Polícia Civil, a estratégia de transformar as ruas no entorno da cracolândia em armadilhas para os traficantes provocou a migração para a praça. Ainda de acordo com a polícia, prisões forçaram os traficantes a delegar a venda de drogas aos dependentes químicos do próprio fluxo, chamados "lagartos", que recebiam pequenos valores ou pedras de crack pelo serviço.

Em vez de tijolos de crack como antes, os traficantes passaram a colocar a venda nas barracas pequenas porções de droga para serem comercializadas.

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