Descrição de chapéu Obituário Diego do Nascimento Lima (1988 - 2022)

Mortes: Coloriu Wolverine e Homem-Aranha para a Marvel

Dijjo Lima, 34, realizou o sonho de trabalhar com histórias em quadrinhos

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Rio de Janeiro

Os primeiros fãs de Diego Lima foram sua família. A avó e a tia, que o criaram em Maracanaú (CE), polo industrial nos arredores de Fortaleza, já o aplaudiam desde quando vendia as camisetas personalizadas que pintava à mão.

A base de admiradores passou a crescer quando, oito anos atrás, ele conheceu pela internet um colega que o inseriu no mundo das histórias em quadrinhos. Virou Dijjo Lima e começou aprendendo a "fazer o flat", ou seja, separar as cores que farão parte do desenho.

Homem negro pinta desenho de verde em tela de computador
O cearense Dijjo Lima, 34, era colorista de histórias em quadrinho da Marvel - Arquivo pessoal

Depois aperfeiçoou os efeitos, sombras e "brushes" com outros dois grandes amigos que conheceu no caminho, até chegar ao artista e produtor Joe Prado, que há cerca de um ano finalmente o levou para a gigante dos quadrinhos, a Marvel.

Desde então vivia um sonho. Na editora americana, deu cor a Wolverine, Homem-Aranha, Capitã Marvel e tantos outros personagens que aspirava pintar um dia. Perfeccionista, nunca atrasou um trabalho e entregava até antes.

O custo da excelência eram longas horas sentado em seu escritório na casa de Pacatuba, também na Grande Fortaleza. Teve época em que deitava para dormir às 10 horas da manhã para cumprir os prazos, mas não demonstrava se importar.

"Sou feliz com o que faço", respondia à esposa, Leila, quando ela brigava dizendo que ele preferia o computador à mulher. Logo no início, a designer deixou o emprego em produtoras de eventos para ajudar o marido na nova profissão e virou sua "flatter", preparando as páginas.

Os dois eram parceiros ainda num serviço de delivery temático de hambúrgueres que criaram durante a pandemia. Os pães eram verdes, amarelos ou pretos, seguindo as cores do herói que lhes dava nome. O plano era abrir um restaurante físico no próximo ano, num terreno que compraram.

Outra aspiração que Leila ainda pretende concluir é o primeiro livro de Dijjo, "Desenhos da Nossa Infância", já praticamente pronto. A ideia é lançá-lo em dezembro na próxima CCXP, antes conhecida como Comic Con Experience, evento anual que o casal nunca perdia em São Paulo.

Só faltou colorir o Batman, sonho antigo que o artista perseguia recentemente ao enviar seu portfólio a outra gigante americana do ramo, a DC Comics. Também não deu tempo de abrir uma nova turma no curso para coloristas e ampliar o grupo de WhatsApp que já acumulava 30 alunos.

Além de Leila, Dijjo deixa Bolt e Pipoca, os dois cães que tratava como filhos e com quem passeava quando caiu, com dificuldade para respirar, no último dia 15. A trombose que teve em 2017 "subiu" ao pulmão e lhe causou mais de 15 paradas cardíacas, numa embolia pulmonar aos 34 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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