Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Sobe para 25 número de mortos em operação policial na Vila Cruzeiro (RJ)

Dois pacientes morreram durante a noite no Hospital Getúlio Vargas; um outro chegou morto à UPA da região

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Moradores carregam homem baleado na Operação da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro Eduardo Anizelli - 24.mai.22/Folhapress

Rio de Janeiro

Subiu para 25 o número de pessoas mortas durante a operação conjunta da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal na Vila Cruzeiro, parte do Complexo da Penha na zona norte carioca, que já é a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro.

Dois pacientes que estavam internados no Hospital Getúlio Vargas morreram durante a última noite, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. A pasta informa que, ao todo, 23 pacientes encaminhados à unidade foram a óbito e quatro permanecem internados.

A conta não inclui Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, que foi baleada em casa na comunidade vizinha Chatuba e não foi levada ao Getúlio Vargas. A outra vítima é um menor de idade que chegou já morto nesta terça (24) na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Complexo do Alemão, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com a Polícia Militar, a ação visava prender em flagrante mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.

A corporação então colocou em prática uma "operação emergencial", seguida de várias horas de confrontos. A troca de tiros acabou subindo pela comunidade, até chegar a uma área de mata que liga a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão, onde a maioria foi baleada.

Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro (PL) parabenizou os policiais: "Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa", disse em pronunciamento nas redes sociais.

Já o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, escreveu no Twitter que a ação conjunta "seguiu todos os protocolos estabelecidos pela ADPF 635 [decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitou operações policiais em favelas durante a pandemia] e que o Ministério Público foi devidamente comunicado.

"Essa gente ruim quer matar o futuro do povo fluminense. Fora do império da lei e da ordem estão a barbárie e o banditismo. Não vamos permitir a anarquia no nosso estado", publicou nesta terça o governador, que deve ser candidato à reeleição daqui a cinco meses.

Durante entrevista coletiva após a incursão, a Polícia Militar culpou o STF pela migração de criminosos ao estado. "A gente começou a reparar essa movimentação, essa tendência deles de migração para o RJ, a partir da decisão do STF", declarou o secretário da corporação, coronel Luiz Henrique Marinho Pires.

"Isso vem acentuando nos últimos meses. Esse esconderijo deles nas nossas comunidades é fruto basicamente dessa decisão do STF. É o que a gente entende, a gente está estudando isso, mas provavelmente deve ser fruto dessa decisão do STF", continuou ele.

A operação virou alvo de investigação nos Ministérios Públicos federal e do estado do Rio de Janeiro. O objetivo é apurar eventuais violações de direitos durante a ação na comunidade da zona norte carioca.

Durante a tarde desta terça, corpos e feridos chegavam a todo momento ao hospital Getúlio Vargas. Por volta das 13h30, uma kombi estacionou trazendo o corpo de um jovem coberto por um lençol. Cristino Valle Brito, da OAB-RJ, disse que o jovem chegou a pedir ajuda para ser encaminhado ao hospital, mas morreu a caminho da unidade.


Onde fica a Vila Cruzeiro

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