O Conselho da Polícia Civil de SP aprovou na semana passada a demissão do delegado Carlos Alberto da Cunha, 44, o Da Cunha, sob a suspeita de ter inventado a prisão de um chefão do PCC para ganhar seguidores nas redes sociais.
O processo administrativo com o resultado foi enviado para a Secretaria da Segurança Pública e, agora, segue para o governador Rodrigo Garcia (PSDB). Só o governador pode exonerá-lo.
Caso confirmada a demissão a bem do serviço público, Da Cunha, que anunciou candidatura a deputado federal, pode tornar-se inelegível, conforme a Lei da Ficha Limpa.
O delegado responde a outros cinco procedimentos. Procurado pela Folha por volta das 16h, o policial não se manifestou até a publicação desta reportagem.
As reuniões do Conselho são sigilosas. A reportagem falou, porém, com cinco integrantes da cúpula da Polícia Civil que confirmaram a decisão contra Da Cunha.
O delegado tem 3,7 milhões de inscritos no canal dele no YouTube, sucesso que o estimulou a se lançar candidato. O policial ganhou projeção com a divulgação de vídeos de operações policiais, principalmente na zona leste de São Paulo.
Essas gravações eram veiculadas nas redes sociais do delegado, mas sem autorização dos superiores, segundo a polícia. Entre os vídeos mais acessados do canal, com mais de 30 milhões de visualizações somadas, está o da prisão de Jagunço do Savoy, suposto chefe do PCC.
É sobre essa prisão que envolve a decisão do Conselho, atendendo relatório da Corregedoria.
Conforme depoimentos de policiais civis, entre eles o do então chefe dos investigadores da equipe de Da Cunha, Renato Araújo de Lima, o suspeito preso por eles em abril de 2020 não é Jagunço do Savoy, ao contrário do que sustentava o delegado Da Cunha nos vídeos.
Ele seria outra pessoa de mesmo apelido, mas não o tal chefão do PCC.
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