Descrição de chapéu cracolândia drogas

Preso alugava espaços para traficantes na cracolândia, diz polícia

Segundo investigação, Deco lucrava com interessados em montar barracas e vender drogas no centro de SP; ele nega

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São Paulo

Suspeito de chefiar o tráfico na cracolândia, Adilson Gomes da Silva, 42, o Deco, foi quem definiu o esquema de alugar espaços no fluxo, como é chamada a aglomeração de dependentes químicos, para os interessados montarem barracas e venderem as drogas, segundo a Polícia Civil.

Deco foi preso na noite desta terça-feira (28) e teve a prisão temporária confirmada em audiência de custódia nesta quarta-feira (29). Sua mulher, Paula Pereira Rocha, também foi detida e continua presa após a Justiça negar o pedido de habeas corpus da defesa.

Aos policiais que o prenderam, o suspeito disse ser empresário e negou as acusações de chefiar o tráfico de drogas na cracolândia. A Folha não conseguiu contato com a defesa dele e de sua mulher. ​

O casal estava em casa quando os policiais chegaram com o mandado de prisão expedido há cerca de 20 dias. "Ele sabia que havia um mandado contra ele e estava esperto. Só aparecia de madrugada e sempre em carros diferentes para despistar a polícia", diz o delegado Roberto Monteiro, da 1ª Delegacia Seccional do Centro.

Vista aérea da rua Helvétia, com pessoas negociando em mesinhas
Venda de drogas na rua Helvétia, no início de junho, mesmo após operações - Danilo Verpa - 8.jun.2022/Folhapress

De acordo com delegado, o suspeito lucrava com o aluguel dos espaços onde as barracas eram montadas em frente à praça Júlio Prestes, onde a cracolândia funcionou por mais de 20 anos e, mais recentemente, na praça Princesa Isabel.

O pagamento semanal pelo espaço incluía serviços como seguranças e barraqueiros, responsáveis por montar e desmontar as tendas de lona a cada operação de limpeza da prefeitura. "Ele não ia na cracolândia e também não colocava a mão nas drogas. Lucrava com a gestão dos espaços", diz o delegado Monteiro.

Segundo a polícia, Deco é integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), e em sua ficha criminal constam crimes como roubo, estelionato, falsificação de documentos, embriaguez ao volante e tráfico de drogas. Paula tem passagem por furto, associação ao tráfico e suspeita de integrar o crime organizado.

A prisão ocorreu após 15 dias de campana feita por policiais civis em frente ao prédio onde o suspeito mora, no bairro de Santa Cecília. "Como ele usava olheiros para avisá-lo da presença de pessoas e carros suspeitos, tivemos que usar imóveis da região", disse o delegado.

Deco era dono de uma pensão na alameda Barão de Piracicaba, perto da praça Júlio Prestes, até o ano passado quando o imóvel alugado foi demolido.

Segundo a Polícia Civil, ele também é proprietário de um estacionamento em frente à praça Princesa Isabel e de um bar no entorno. "Os estabelecimentos eram usados para esconder drogas e dinheiro", diz Monteiro.

No estacionamento, a polícia encontrou um veículo blindado que havia sido furtado e outro avaliado em R$ 200 mil pertencente ao suspeito.

Abaixo de Deco na hierarquia da organização criminosa está Anderson Mendes Machado, o Sistemático, suspeito de chefiar a disciplina na cracolândia, nome dado aos traficantes que repassam ordens aos integrantes do fluxo e solucionam conflitos. Ele foi preso na última sexta-feira (24) em um hotel na avenida Rio Branco, na região central.

Com as duas prisões, o delegado afirma que foi desarticulada a facção criminosa que atua na cracolândia.

Apesar das frequentes operações, o volume de drogas apreendidas na região central de São Paulo entre janeiro e maio deste ano pouco se alterou. Até o último mês de maio, foram coletados 220 quilos de drogas antes 225 quilos no mesmo período em 2021, mostram dados da 1ª Delegacia Seccional do Centro.

Há cerca de uma semana parte do fluxo de usuários passou a ocupar a esquina da avenida Rio Branco e a rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia. Duas operações policiais foram deflagradas no local para dispersar os dependentes químicos e prender traficantes.

Uma parte ainda ocupa a rua Helvétia, novo endereço da cracolândia após a dispersão da praça Princesa Isabel. ​

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