Descrição de chapéu transporte público

Atraso na abertura total da estação Vila Natal frustra moradores da zona sul de SP

Inaugurada há quase um ano, ponto da CPTM ainda tem horário reduzido; secretaria diz que não há prazo para finalizar testes

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Matheus Silva
Agência Mural

Administrador da área de tecnologia, Luiz Henrique Nunes, 27, esperava reduzir em uma hora o tempo de trajeto com a inauguração da estação Vila Natal, da linha 9-esmeralda, hoje administrada pela ViaMobilidade. Morador da região, na zona sul de São Paulo, ele gasta atualmente duas horas para chegar ao trabalho no Alto de Pinheiros, na região oeste.

​A expectativa, contudo, não se confirmou após quase um ano da inauguração da nova parada.

"Imaginei que a estação ia funcionar até dezembro [de 2021], pelo menos", diz. "É frustrante, e ainda mais por não ter uma explicação clara para a demora."

Imagem mostra portões fechados na estação Bruno Covas Vila Natal
Estação Bruno Covas/Mendes-Vila Natal fechada no fim da tarde de 1º de julho de 2022 - Matheus Souza/Agência Mural

Com essa situação, ele sai de casa por volta das 7h, pega um ônibus até o Terminal Grajaú, faz baldeação para o trem e desce na estação Cidade Universitária, onde ainda pega um segundo ônibus. Na volta, faz o mesmo caminho no sentido inverso. E, por enquanto, essa rotina não tem data para terminar.

Desde que foi aberta ao público, em 11 de agosto de 2021, a estação Bruno Covas/Mendes-Vila Natal continua circulando na chamada operação assistida, em fase de testes, apenas entre as 10h e as 15h.

Oito meses após a inauguração, em abril deste ano, a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos anunciou que até a segunda quinzena de maio a estação funcionaria integralmente, das 4h até a meia-noite. No entanto, essa previsão tem sido adiada consecutivas vezes. Mais recentemente, houve novo anúncio para 22 de junho, que também não foi cumprido.

A estação continua operando em horário reduzido, sem nova data para ampliação. Sem poder utilizá-la nos períodos mais críticos do dia, a população mantém a rotina para ir e voltar dos bairros próximos até as regiões mais centrais da cidade.

Os moradores reclamam da demora para entrega efetiva da estação, que poderá reduzir significativamente seu tempo de deslocamento e gasto com conduções no transporte. A nova estação é aguardada com grande expectativa há quase uma década, quando as obras tiveram início.

A produtora audiovisual Solange Santana, 34, mora na Vila Natal. Para trabalhar, pega uma das linhas de ônibus do bairro para o Terminal Grajaú. De lá, ela vai de trem até Santo Amaro.

Caso a estação Vila Natal estivesse em operação total, Solange conseguiria ir até ela a pé e fazer o mesmo trajeto economizando duas conduções, contando ida e volta. Além disso, estima que poderia reduzir o tempo de deslocamento pela metade: hoje, leva uma hora de casa até o trabalho.

Para a produtora, a ampliação do funcionamento ajudaria a reduzir a lotação dos ônibus e do Terminal Grajaú, um dos principais pontos de parada para quem vai dos bairros da zona sul para outras regiões da cidade.

"Já são quase dez anos de obra. A gente sabe que tem toda uma questão de infraestrutura, que demora mesmo, mas dez anos é muita coisa", reclama.

​Comerciantes

Outro grupo prejudicado é o dos pequenos comerciantes da região. Alguns deles fizeram investimentos contando com o funcionamento integral da estação, que deve aumentar a circulação de pessoas na região. Com a demora, eles também sentem no bolso.

Dayane Alves, 28, abriu no fim de junho uma lanchonete a poucos passos da entrada da estação. O local estava pronto havia meses, mas ela segurou a inauguração enquanto pôde para evitar prejuízos. Por fim, decidiu abrir mesmo com previsão de movimento baixo.

"A gente sabia que abrindo com a estação parada não teríamos o movimento esperado. Então, todas as vezes em que foi [a abertura] adiada ficamos muito bravos", diz.

Ela acrescenta também que, enquanto não ocorre a abertura completa da estação, não conseguiu definir um horário certo para funcionamento do comércio, o que prejudica inclusive seus funcionários.

"Tivemos atraso de contas, pagamos juros, precisamos tirar de um lugar para cobrir o outro. De modo geral, a verdade é que só houve investimento, sem retorno nenhum", comenta.

Carlos Eduardo Vieira, 48, tem um restaurante e uma pizzaria na rua da estação. Há 12 anos trabalhando no local, ele sente que o movimento cresceu nos últimos anos e isso impactou positivamente os negócios, mas aguarda uma mudança maior com a estação operando normalmente.

Ele chegou a mudar a estrutura para se preparar para o crescimento da demanda. "Comprei máquinas de sorvete, de churros e de churrasco. Contratei mais três pessoas para o restaurante esperando esse movimento", diz ele. No entanto, com a demora, teve de dispensar uma funcionária para manter as contas em dia.

"Nós precisamos treinar as pessoas, então precisamos de um tempo de planejamento. Infelizmente, as datas [de funcionamento completo da estação] são sempre mudadas."

​Sem previsão

A reportagem questionou a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos e a ViaMobilidade, que assumiu a operação da linha 9-esmeralda em janeiro deste ano, sobre a demora para início da operação integral da estação Bruno Covas/Mendes-Vila Natal.

A secretaria respondeu que a estação continua passando por testes, sem previsão de término. A reportagem pediu mais detalhes para a pasta sobre o motivo do atraso para conclusão dos testes, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

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