Incêndio atinge imóveis comerciais na região da rua 25 de Março, em SP

Dois bombeiros sofreram queimaduras de segundo grau; avaliação dos danos deve ser feito nesta terça (12)

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São Paulo

​Cerca de cem bombeiros em 31 viaturas foram deslocados para combater um incêndio de grandes proporções que atingiu prédios comerciais na região da rua 25 de Março —​centro popular e comercial da capital paulista, a partir das 21h de domingo (10).

Segundo informações da Polícia Civil, o fogo teria começado por volta das 21h após uma explosão na altura do terceiro andar de um prédio comercial na rua Abdo Schahin. Três edifícios próximos foram afetados, sendo uma loja, um edifício comercial de dez andares e uma igreja.

De acordo com Roberto Monteiro, delegado da 1ª Delegacia Seccional do Centro, quando bombeiros tentavam chegar ao interior do prédio com oxigênio, teria ocorrido uma nova explosão, ferindo dois integrantes da corporação. Um deles teve 36% do corpo queimado. Ambos foram socorridos e levados ao pronto-socorro Tatuapé. O estado de saúde dos dois é estável.

Imagem aérea mostra fumaça preta saindo de um prédio
Incêndio atinge prédio comercial na rua Barão de Duprat, na região da rua 25 de Março - Carla Carniel/Reuters

A fumaça dentro do edifício foi um dos principais desafios para os oficiais que trabalharam no local. Eles se revezaram em turnos para entrar no prédio e conter as chamas. Esse trabalho só é possível com uso de respiradores, similares aos utilizados para mergulhos, segundo André Elias, porta-voz dos bombeiros.

Cada cilindro garante de 20 a 30 minutos de ar. A duração, porém, varia de bombeiro para bombeiro e de acordo com a respiração do usuário.

Desde a madrugada a fumaça preta provocada pelo incêndio era vista de quilômetros de distância e chamava a atenção de moradores da região central.

No início da manhã, as chamas ainda persistiam e, segundo os bombeiros, havia o risco de o fogo se espalhar para outros imóveis, além dos quatro atingidos.

Em nota no fim da tarde, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Sé e da Defesa Civil, informou que "o local entrou novamente em rescaldo, pois houve reignição (algumas faíscas e pequenos fogos foram encontrados e estão sendo extintos). Os bombeiros continuam trabalhando e a equipe da Defesa Civil ainda está pela região".

Segundo o comunicado, a previsão é que a vistoria das edificações seja realizada na manhã desta terça (12). "Somente então é que será possível confirmar os danos causados e um número exato de edificações abaladas pelo incêndio."

A Polícia Civil declarou que o fogo teria começado após uma explosão na altura do terceiro andar. Uma testemunha, que mora perto do local, disse a investigadores que ouviu uma explosão e, quando olhou pela janela, viu a fumaça saindo pelas janelas.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros, André Elias, no entanto, afirmou que ainda não é possível dizer em que andar o incêndio começou. "Trabalhamos com a hipótese de que foi nos andares inferiores, mas todos os andares foram atingidos."

Elias disse que houve desabamento da estrutura da loja Matsumoto, que fica na rua Barão de Duprat, e do teto da Paróquia Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora. O risco de desabamento dos outros prédios atingidos pelas chamas foi descartado pelos bombeiros.

De acordo com os bombeiros, o prédio não tinha AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). A prefeitura informou que a edificação é de 1948. No térreo funcionavam lojas e, nos demais andares, escritórios.

A diretora-executiva da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências, Cláudia Urias, afirmou que ainda não é possível saber o tamanho do prejuízo para os comerciantes, mas que 80% das lojas associadas foram fechadas, cerca de 2.500.

Jorge Dib, 51, é dono de duas lojas de pijamas e roupas íntimas. Ele diz que perdeu um mês e meio de estoque que guardava no depósito que fica no prédio que pegou fogo. No local, também funcionava o refeitório para os cerca de 90 funcionários. "Soube do incêndio pelo segurança que me enviou vídeos. Cheguei às 21h30 e fui embora umas 2h."

Rogério Lin, superintendente da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), diz que todo prédio que passa por um incêndio corre risco de desabar. Ele explica que, neste caso, com as chamas contidas e a maior intensidade do incêndio já tendo passado, a chance de colapso da estrutura é menor, mas não chega a zero.

Após a extinção do incêndio e a conclusão do trabalho dos bombeiros, Lin afirma que será necessária uma avaliação da estrutura pela Defesa Civil para saber se é possível salvar o prédio e reformá-lo, ou se o edifício está condenado.

Se condenado, o edifício pode ser "desconstruído" andar por andar, do mais alto ao mais baixo, devido a sua proximidade com outros prédios.

Trânsito desviado

Segundo a SPTrans, o incêndio afetou a circulação dos ônibus na região. Na manhã desta segunda (11) seis linhas que trafegam na região central foram desviadas.

Foram montados bloqueios para o trânsito na rua Cavalheiro Basílio Jafet, no acesso à rua 25 de Março; rua da Cantareira com avenida Senador Queiroz; rua Barão de Duprat com as ruas da Cantareira, Afonso Kherlakian, Assad Abdalla e Carlos de Souza de Nazaré; e avenida Prestes Maia com a rua Carlos de Souza Nazaré.

O incêndio, a menos de 500 metros de distância, não afetou a circulação na rua Ladeira Porto Geral, uma das principais vias do circuito de compras.

Na altura do metrô São Bento —saída pela própria ladeira— o movimento seguia normal com todas as lojas abertas e vendedores nas ruas e calçadas.

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