Descrição de chapéu Folhajus

Justiça decreta prisão de jovens que estavam com ambientalista na Billings; laudo aponta morte por asfixia

Advogado dos detidos disse não haver base para prisão e que Ferrugem caiu do barco após um solavanco

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São Paulo

A Justiça decretou nesta quarta-feira (24) a prisão temporária dos quatro jovens que estavam no barco com Adolfo Souza Duarte, o Ferrugem, quando o ambientalista desapareceu na represa Billings na noite do dia 1º de agosto, na região do Grajaú, zona sul de São Paulo.

A prisão de Vithorio Alax Silva Santos, 23, Mauricius da Silva, 23, Katielle Souza Santos, 28, e Mikaelly da Silva Souza Moreno, 19, foi decretada a pedido da Polícia Civil, após o laudo produzido pelo IML (Instituto Médico-Legal) apontar contradições nos depoimentos do quarteto.

Segundo o laudo, Ferrugem morreu por asfixia mecânica.

Adolfo Duarte, 41, conhecido como Ferrugem, idealizador do projeto Meninos da Billings
Adolfo Duarte, 41, conhecido como Ferrugem, morreu na represa Billings após levar dois casais para passear em seu barco - Variart Fotografia/Divulgação

As informações foram confirmadas pelo advogado André Nino na porta do 101º DP (Jardim das Imbuias), onde os quatro estão presos.

"Não tem base para a prisão. Eles estão cooperando", disse Nino. O defensor do quarteto disse que irá esperar a audiência de custódia, que deve ser realizada nesta quinta-feira (25), para definir os próximos passos.

O advogado disse que os quatro mantêm a mesma versão, de que Ferrugem caiu na represa após o barco dar um solavanco.

A esposa do ambientalista, a manicure Uiara Sousa Duarte, 39, comentou a prisão dos quatro jovens. "Que seja feita justiça. Que eles paguem pelo que fizeram."

O corpo do ambientalista foi encontrado na manhã do sábado (6) pelo Corpo de Bombeiros próximo à 1ª balsa na represa. O caso, na ocasião, foi registrado como morte suspeita, ou seja, quando, de início, ainda não é possível determinar a causa do óbito.

Ferrugem havia desaparecido durante um passeio em seu barco pela represa Billings, enquanto conduzia os dois casais pela região. Os jovens relataram em depoimento à polícia que ele caiu da embarcação depois de um solavanco.

Ferrugem presidia a ONG Meninos da Billings, que atua pela preservação da região, promove projetos sociais e realiza passeios de barco na represa.

A embarcação envolvida no caso foi adquirida por um dos sócios de Ferrugem, que atuava no novo barco havia cerca de um mês.

O ambientalista começou a realizar trabalhos sociais e ambientais na região após a morte do filho, Miguel, 9, há dez anos. O menino foi vítima de um câncer que tinha sido descoberto dois anos antes. Na época, Ferrugem estava no último ano de história e preparava um trabalho de conclusão do curso exatamente sobre a construção da Billings.

Nascido e criado na região, ele sempre se interessou pela represa, que corta bairros da periferia da zona sul da capital, como o Grajaú, e cidades da região metropolitana, incluindo São Bernardo do Campo e Santo André. Segundo familiares, a atuação na Billings foi a forma que Ferrugem encontrou para lidar com a morte do filho.

O ambientalista também trabalhava como coordenador de um parque na região da represa Guarapiranga e foi coordenador cultural do CEU Navegantes. Moradores da região disseram à reportagem da Folha que Ferrugem realizava mutirões de limpeza na represa e no entorno, além de conseguir cestas básicas para famílias durante a pandemia.

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