A Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda não prendeu nenhum suspeito da ação que deixou dois mortos e sete feridos, todos baleados, na praça Rio Branco, no bairro Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O crime ocorreu na madrugada do último domingo (31).
Um das suspeitas investigadas pela polícia é a de que as nove pessoas foram baleadas porque ouviam som alto de uma facção criminosa rival à dos autores dos tiros.
Eduarda Paula de Almeida, 15, morreu no local. Caio Luiz de Souza Leme, 23, chegou a ser socorrido, mas morreu horas depois no hospital Moacir do Carmo. Outras sete pessoas ficaram feridas, sendo que três já receberam alta.
O crime ocorreu por volta das 2h30. Um carro passou atirando contra os jovens, que socializavam na praça.
Sob condição de anonimato, um parente de Leme contou que o rapaz havia ido à praça com a esposa para lanchar. Pelo relato da mulher, havia uma festa de aniversário na área coberta do local.
Três homens armados, então, teriam saído atirando de um carro em frente à praça. A esposa da vítima não foi atingida. Segundo o familiar, Leme era um rapaz alegre e extrovertido.
Mesmo sendo madrugada, a praça estava lotada no momento do crime, segundo relato de vizinhos e comerciantes locais à reportagem. Alguns acordaram ao som dos tiros e da gritaria.
De acordo com o delegado Andre Cavalcante, que está à frente da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, os primeiros relatos foram de que as vítimas estariam ouvindo funks com apologia do Comando Vermelho.
A praça está localizada próximo à região limítrofe sob controle do Comando Vermelho, do rival Terceiro Comando Puro e das milícias.
Para moradores do bairro ouvidos pela reportagem, membros do Terceiro Comando Puro atiraram nos jovens por mera raiva do hino da facção inimiga.
O delegado, contudo, afirma que se deve observar as acusações com cautela. "Às vezes, dizem que foi o tráfico, mas na verdade isso é uma informação plantada pela milícia. Às vezes, dizem que foi a milícia, mas é uma informação plantada pelo tráfico. Se a gente tratar como tendo sido a mando dos traficantes, a gente já tá descartando a autoria do crime."
As vítimas estavam todas na faixa dos 18 a 20 anos de idade. O número de vítimas dos tiros intriga o delegado. "Não é comum morrer tanta gente assim. [Tiro de carro] é geralmente em alguém que foi avisado. O número de vítimas não é algo corriqueiro."
Segundo relatório semestral do Instituto Fogo Cruzado, 1 em cada 3 mortes por arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro, durante o primeiro semestre deste ano, foi na Baixada Fluminense. O relatório aponta que a região concentrou 169 mortos e 120 feridos durante os primeiros seis meses deste ano.
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