Ex-subprefeita da Lapa é presa por suspeita de corrupção na venda de alvarás em SP

Promotoria e polícia investigam possível esquema para beneficiar eventos e cobrar propina de ambulantes no órgão da zona oeste da capital

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São Paulo

A Polícia Civil prendeu na manhã desta sexta-feira (9) Fernanda Galdino, ex-subprefeita da Lapa, região da zona oeste de São Paulo, em uma nova etapa da operação que apura suspeita de corrupção de funcionários do órgão municipal na venda de alvará para eventos e cobrança de propina para vendedores ambulantes.

No último dia 23 de agosto, durante a primeira etapa da investigação, duas pessoas foram presas temporariamente, incluindo um coordenador. Galdino, então chefe da Subprefeitura da Lapa, que havia sido alvo de buscas, foi exonerada no mesmo dia pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) —responsável pela nomeação dela cerca no ano passado.

A Polícia Civil não forneceu informações sobre a defesa de Galdino, e a Folha não conseguiu nenhum contato com seus representantes até a publicação deste texto. Na época da operação de agosto, a reportagem ligou diversas vezes para seu gabinete na subprefeitura, e a suspeita não havia apresentado advogado.

Fernanda Galdino, ex-subprefeita da Lapa, ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), durante evento no CEU Jaguaré, na zona oeste de São Paulo; ela foi presa nesta sexta-feira (9), durante investigação que apura suposta cobrança de propina - Divulgação - 18.jan22/Prefeitura de São Paulo

A operação é coordenada pela delegada Ivalda Aleixo, da Dope (Divisão de Capturas do Departamento de Operação Policiais Estratégicas), e também tem o Ministério Público de São Paulo à frente.

A investigação começou após a denúncia do vereador Delegado Palumbo (MDB). Um dos detidos em agosto foi o engenheiro civil Rogerio Marin, 51. O termo de audiência de custódia citou indícios do crime de associação criminosa. A Folha não conseguiu contato com a defesa dele.

Segundo a delegada, policiais civis fizeram estiveram em três endereços ligados à ex-subprefeita no início da manhã desta sexta, no Tatuapé, na zona leste, e em um apartamento em Guarulhos, na região metropolitana, onde ela foi presa. Não houve resistência. Também ocorreram buscas e apreensões, de acordo com nota da Secretaria da Segurança Pública.

Em agosto, as buscas já haviam sido feitas em três residências no Tatuapé, na Penha e na Lapa, onde foram apreendidos mais de R$ 30 mil e US$ 12 mil (cerca de R$ 62 mil) em dinheiro. Celulares dos suspeitos também foram alvo de apreensão.

A prisão é preventiva, ou seja, sem prazo para que Galdino seja solta. Segundo o Tribunal de Justiça, até a tarde desta sexta não havia agendamento para audiência de custódia. "A autoridade policial tem prazo de 24h para apresentação do preso à Justiça", afirma, em nota.

De acordo com a delegada Aleixo, a prisão foi decretada após depoimentos dos dois assessores presos, que tiveram prisão temporária de cinco dias prorrogada, e de testemunhas ouvidas pelo Ministério Público.

"Pelo que estamos investigando, o dinheiro cobrado para vendedores ambulantes era muito grande", diz a policial, sem citar valores.


Vídeo: Veja o momento da prisão da ex-subprefeita


De acordo com as investigações, a propina seria cobrada de ambulantes que se instalavam próximos ao Mercadão da Lapa e outras regiões. A polícia apura se o esquema atuou em dias de eventos na arena Allianz Parque, do Palmeiras, na Pompeia, também na zona oeste.

No Ministério Público, o caso está sendo investigado pelo Gedec (Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A Promotoria disse que não iria detalhar as investigações, pois a ação corre em segredo de Justiça.

Para o lugar de Fernanda Galdino foi nomeado o coronel da Polícia Militar Marcus Vinicius Valerio, que foi subcomandante da corporação até o final de abril.

Em nota, a Controladoria Geral do Município e a Secretaria Municipal das Subprefeituras disseram nesta sexta que colaboram com as investigações policiais desde maio deste ano, quando houve a prisão em flagrante de uma funcionária de carreira da Subprefeitura da Lapa.

"A referida funcionária foi imediatamente exonerada da função de confiança, a exemplo de um funcionário comissionado detido em 23 de agosto, durante a Operação Vesúvio", diz trecho da nota.

O que são as subprefeituras

As subprefeituras da cidade de São Paulo descentralizam as funções do Executivo paulistano, sendo descritas pela prefeitura como "pequenos municípios" dentro da capital. São, em princípio, uma forma de aproximar a população da gestão e atender as demandas locais.

São Paulo possui 32 subprefeituras, que administram os 96 distritos do município. A da Lapa atende ao distrito de mesmo nome, além das áreas da Barra Funda, Jaguara, Jaguaré, Perdizes e Vila Leopoldina.

Erramos: o texto foi alterado

A subprefeita da Lapa, Fernanda Galdino, foi exonerada em 23 de agosto, mesma data em que foi deflagrada operação que apura suspeita de corrupção de funcionários do órgão municipal, não dias depois como dito em versão anterior do texto.

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