Descrição de chapéu Obituário Luís Gaspar Moreira (1932 - 2022)

Mortes: Obstetra fez mais de mil partos e nunca perdeu um bebê

Luís Gaspar Moreira morreu um mês depois do grande amor da sua vida

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Rio de Janeiro

Quando escrevi o obituário da minha avó nesta Folha no fim de julho, não imaginava que pouco mais de um mês depois estaria aqui de novo.

Menos de duas semanas após a morte dela, meu avô foi internado com Covid, mesmo já tendo tomado as quatro doses da vacina.

Passou 24 dias no CTI do Hospital da Força Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Lá, recebeu de volta toda a dedicação que teve como médico durante mais de duas décadas de serviço à Aeronáutica. Depois de muita luta, morreu no último dia 26, aos 90 anos.

Luís Gaspar Moreira e a esposa, Liliane, com quem foi casado por 64 anos
Luís Gaspar Moreira e a esposa, Liliane, com quem foi casado por 64 anos - Arquivo pessoal

Natural de Pelotas (RS), Luís Gaspar Moreira foi o temporão de cinco irmãos. A família, que tinha sido muito rica, ficou pobre bem na época em que ele nasceu.

Luís queria muito ser médico, mas não sabia se conseguiria realizar o sonho. Seu pai, Samuel, morreu quando ele tinha 18 anos. Sem nenhum dinheiro, deixou a mãe, Cecília, no Rio Grande do Sul, e foi para o Rio com o objetivo de estudar na Faculdade Nacional de Medicina (atual UFRJ).

Foi aprovado no vestibular e morou de favor na casa de tios que ele não conhecia. Para se sustentar, trabalhava de madrugada em um laboratório de análises clínicas.

Perdeu a mãe antes que ela pudesse vê-lo se formar, em 1956. Ainda no período de faculdade, encantou-se por uma moça que conheceu em uma festa. No começo, a mãe dela desaprovou o relacionamento porque o considerava um pé-rapado. Mas, logo, ele foi aceito pelos sogros e o namoro, oficializado.

Casou-se com Liliane em 1958, na Igreja da Candelária. Ginecologista e obstetra, Luís fez mais de mil partos e nunca perdeu um bebê —ele fazia questão de falar. Trabalhou na Aeronáutica, em hospitais e no seu consultório particular, em Ipanema. Era um profissional comprometido e, ao mesmo tempo, brincalhão. Por isso, sempre foi muito querido nos lugares por onde passou.

Tinha tanto orgulho de ser médico que só se vestia de branco, mesmo depois que parou de trabalhar. Operou até os 76 anos e atendeu pacientes até os 82.

Foi também um pai e avô muito brincalhão. Ensinou todos os filhos e netos a andar de bicicleta. Amava o mar e passou esse amor para todos eles.

Nos últimos anos, dizia a todo momento quanto amava a família e que a vida ao lado de Liliane tinha sido muito linda. Durante mais de seis décadas de casamento, eles brigaram e se amaram muito. Os dois deixam três filhos e quatro netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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