Descrição de chapéu Obituário José Mauro Gagliardi (1946 - 2022)

Mortes: Valorizou o poder transformador da educação

José Mauro Gagliardi lecionou em escolas públicas e universidades privadas

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São Paulo

José Mauro Gagliardi iniciou a vida profissional como protético, ao lado do pai, num laboratório de prótese dentária. Do ofício nasceu o desejo de estudar odontologia.

Em Taquaritinga (a 334 km de São Paulo), onde nasceu, dedicava-se ao trabalho durante o dia e ao curso técnico de contabilidade à noite.

Ainda jovem, José Mauro mudou-se para a capital paulista com o objetivo de fazer cursinho e faculdade, mas desistiu da odontologia quando se envolveu na militância política e entrou para a Ação Libertadora Nacional (ALN).

José Mauro Gagliardi (1946-2022)
José Mauro Gagliardi (1946-2022) - Arquivo pessoal

Envolvido nas ações da organização, em 1971, foi preso, levado ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e depois ao presídio Tiradentes, onde permaneceu por cerca de um ano. Julgado, foi absolvido.

No fim, decidiu trocar odontologia por ciências sociais, que cursou na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. Durante a faculdade, conheceu Maria Josefa (Nena), aluna de psicologia na mesma instituição. Os dois logo se casaram.

Segundo relata a professora Laura Rivas, 40, uma das filhas, José Mauro começou a tocar violão num regional de choro (conjunto musical) para complementar a renda. Depois de formado, tornou-se professor de história em escolas públicas.

José Mauro fez mestrado na PUC-SP, na área de antropologia. Ele desenvolveu uma pesquisa que resultou no livro "O Indígena e a República" (editora Hucitec, 1989). A dissertação ficou em primeiro lugar no concurso de Teses Universitárias do Estado de São Paulo, financiado pela Secretaria de Cultura.

Também ministrou aulas na Anhembi Morumbi e nas Faculdades Associadas Ipiranga, hoje Unifai, aposentou-se como professor universitário.

"Como professor, na universidade, meu pai trabalhou especialmente a questão da educação. Para ele, era importante discutir o papel transformador da escola. Os alunos devem ter levado isso do meu pai", afirma Laura.

"Ele prezava em primeiro lugar os valores democráticos e acreditava na transformação social. Considerava a educação uma troca, em que o professor também aprende com os alunos."

Leitor voraz de literatura e poemas, especialmente de Manuel Bandeira, também gostava de cinema, sobretudo do francês dos anos 1960 e 1970.

Apesar de separados, os laços de amizade com a ex-mulher eram fortes.

José Mauro morreu dia 27 de setembro, aos 75 anos, de câncer. Deixa as filhas, Ana e Laura, o neto Martin, de um ano e meio, e o genro Jorge.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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