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Prefeitura veta novos ônibus a diesel em São Paulo

Regra vale a partir desta segunda (17); empresas pedem esclarecimentos sobre medida

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São Paulo

Circular enviada pela SPTrans às empresas de transporte coletivo de São Paulo proíbe, a partir desta segunda-feira (17), a inclusão de ônibus movidos a diesel na frota paulistana. As concessionárias afirmam que foram pegas de surpresa e que esperam esclarecimentos a respeito da nova regra por parte da administração municipal, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB).

A prefeitura diz que a prioridade é realizar o cumprimento da Lei de Mudanças Climáticas e da meta de que a frota tenha, no mínimo, 20% de veículos elétricos até o fim de 2024. Segundo a administração municipal, essa é a tecnologia que mais ajuda na redução de poluentes. A cidade conta hoje com 219 ônibus elétricos, sendo 201 trólebus e 18 movidos a bateria.

Por meio da SPTrans, a prefeitura afirma que os ônibus que já estão em circulação não serão retirados da frota. Segundo a administração municipal, a determinação que vale a partir desta segunda trata apenas da inclusão de veículos por parte das concessionárias, atendendo à Lei Municipal 16.802/2018.

Passageiro aguarda pelo embarque em ônibus da capital paulista - Karime Xavier - 13.ago.202/Folhapress

A prefeitura diz que, como o mercado ainda não oferece a tecnologia elétrica para veículos de menor capacidade e dimensão, como os miniônibus, ainda será disponibilizado um cronograma específico para essa categoria. Coletivos de pequenas dimensões circulam principalmente pela periferia da capital.

Presidente da SPUrbanuss (sindicato das empresas) e também da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano), Francisco Christovam afirma que os operadores do sistema ainda estão procurando "decifrar a extensão e o significado da circular", que foi enviada na sexta-feira (14).

"Em função da publicação da carta, a gente vai sentar como poder público e descobrir o que eles querem. Sei que o prefeito tem uma meta de colocar 2.300 ônibus elétricos aqui em São Paulo até o fim da gestão [2024]", afirma.

Segundo Christovam, a circular da SPTrans também pode ter um caráter "provocativo", para que as empresas se mobilizem para a aquisição de veículos elétricos. Para o presidente da SPUrbanuss e da NTU, mudanças como essa, embora desejadas pelos operadores, devem ser realizadas com mais prudência.

"Defendo um tripé de sustentação. Disponibilidade, confiabilidade das tecnologias e razoabilidade do custo", afirma. "Não estamos trocando o farol de um ônibus", completa.

Um ônibus elétrico custa até o triplo de um a diesel. As grandes empresas, que operam as maiores linhas, chegam a trocar 1.200 coletivos por ano em São Paulo.

As concessionárias afirmam também que muitos veículos a diesel já foram encomendados e que não há previsão sobre que fazer com eles após a proibição da prefeitura. Esse é um dos pontos a serem esclarecidos.

Modelos de eletrificação do sistema têm sido adotados em outras grandes cidades da América do Sul, com a participação de fundos de investimento, concessionárias de energia elétrica e operadores do sistema de transporte. É o caso de Santiago (no Chile) e Bogotá (Colômbia), por exemplo. Com relação a São Paulo, ainda não haveria um formato definido.

No ano passado, questionado pela reportagem, o prefeito Nunes afirmou que a pandemia atrasou a renovação da frota, mas que pretendia manter a meta de 20% de ônibus elétricos ainda na atual gestão.

Atualmente, os modelos de ônibus elétricos vão muito além dos trólebus, ainda em circulação na capital paulista. Com banco de baterias, eles podem rodar até 250 km diariamente, sem a necessidade de conexão permanente à rede aérea de cabos.

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