Clube desativado no centro de SP irá abrigar projeto de moradia transitória para sem-teto

Endereço faz parte de projeto para oferecer unidades modulares e deve receber cerca de mil pessoas que vivem nas ruas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um clube desativado na avenida Cruzeiro do Sul, no bairro do Canindé, região central de São Paulo, irá receber unidades modulares de moradia transitória para sem-teto. É o terceiro endereço confirmado pela prefeitura para integrar um projeto-piloto destinado a famílias que vivem nas ruas.

O terreno pertence à SPTrans e abrigou o clube de funcionários da então CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), extinta em 1995. Ultimamente, o local era usado para shows e festas particulares.

Terreno ao lado da estação Anhangabaú do metrô foi a segunda unidade a receber os módulos de moradia transitória para sem-teto
Terreno ao lado da estação Anhangabaú do metrô foi a segunda unidade a receber os módulos de moradia transitória para sem-teto - Danilo Verpa - 7.nov.22/Folhapress

De acordo com o projeto da Vila Reencontro, nome dado ao programa, o Clube CMTC deve receber cerca de mil pessoas que vivem nas ruas para ocupar 270 módulos de 18 m² equipados com cozinha, banheiro e quarto. Cada unidade irá abrigar até quatro pessoas.

Em nota, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social Smads, afirmou que o clube CMTC "se encontra em fase de averiguação para implantação da Vila".

Outro endereço que consta no projeto da Vila Reencontro, a praça Dom Francisco de Souza, na avenida Washington Luis, no bairro de Santo Amaro, na zona sul, não foi confirmado como integrante do projeto pela secretaria. A pasta informou que tem feito um trabalho de prospecção de terrenos para implantação de casas modulares.

Na última segunda-feira (7), a prefeitura começou a instalar os módulos em terreno na rua Ladeira da Memória, ao lado da estação Anhangabaú do metrô, o segundo endereço anunciado pela administração para integrar a Vila Reencontro.

O primeiro endereço fica na avenida do Estado, no Bom Retiro, na antiga sede do Detran onde funciona uma estação de tratamento de lixo. A Folha mostrou que as moradias transitórias foram instaladas a 200 metros do terreno contaminado por metais pesados.

A prefeitura negou qualquer risco aos futuros ocupantes da Vila Reencontro, mas elaborou um estudo ambiental sobre a área que deve ficar pronto até o fim do mês, segundo o secretário de Assistência Social, Carlos Bezerra.

A administração municipal diz que o projeto foi inspirado no modelo conhecido como "housing first" (moradia primeiro), criado em países da Europa e nos Estados Unidos, que tem como princípio garantir que a população em situação de rua tenha acesso imediato à moradia.

Segundo o secretário Bezerra, uma entidade italiana especializada em organizar acampamentos de refugiados na Europa será contratada para gerir o local. O custo total do projeto será de R$ 24,5 milhões.

A Vila Reencontro, que deve disponibilizar 350 módulos para abrigar 1.400 pessoas em quatro endereços na cidade, foi a resposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) diante do aumento da população de rua.

Segundo Censo divulgado em janeiro, a cidade tem 31% mais moradores de rua do que em 2019, quando havia 24.344 pessoas nas ruas. Hoje, 31.884 estão nessa situação.

A prioridade será atender famílias que estão há menos de dois anos nas ruas. De acordo com o Censo da população de rua, há 8.927 pessoas vivendo nas ruas na companhia de parentes. A Vila Reencontro, portanto, irá disponibilizar uma vaga para cada seis pessoas nessa situação.

A gestão municipal vai utilizar as informações do CadÚnico (base de dados do governo federal que armazena informações sobre renda familiar) e dados cadastrais próprios, a fim de estabelecer critérios para o acolhimento.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.