O cantor, compositor, fotógrafo e artista visual Bebeto Alves dedicou a vida à arte. Natural de Uruguaiana (RS) na fronteira com o Uruguai e a Argentina, tornou-se um expoente da música popular gaúcha.
Bebeto tem mais de 30 álbuns lançados, entre próprios e os que fez participação. O primeiro disco solo, "Bebeto Alves", saiu em 1981. O último trabalho foi "Contraluz", em 2022. Integram a sua biografia canções gravadas por Ana Carolina, Belchior, Kleiton & Kledir, Tânia Alves e outros.
"As músicas de Bebeto expressam seus sentimentos e o jeito de ser", diz a fotógrafa Simone Schlindwein, 52, companheira durante 14 anos.
Simone era fã do artista e o conheceu em um show. A troca de telefones foi o ponto de partida para a união, que só terminou com a morte de Bebeto, em 7 de novembro, três dias após completar 68 anos.
Aos nove anos, Bebeto já animava bailes e cantava em emissoras de rádio. A trajetória musical começou anos após a mudança para Porto Alegre, quando montou o grupo Utopia, ao lado de Ricardo e Ronald Frota.
Em 1984, Bebeto lançou em compacto um dos maiores sucessos da carreira, "Quando Eu Chegar". Foi na década de 1980 que incorporou ao seu estilo elementos pop, com teclados, baixo elétrico e bateria eletrônica. Os discos "Novo País", "Pegadas", "Danço Só", "Milonga de Paus" e "Paisagem" mesclam a milonga e os ritmos gaúchos a estilos como rock, reggae, pop e eletrônico.
Em paralelo, desde 2009, Bebeto participou com regularidade de exposições, além de ter desenvolvido novas formas de trabalhar com a fotografia.
Dias antes de morrer, no hospital, ao lado da companheira, montou a exposição fotográfica "Nu". A mostra estreou no dia 1º de novembro, em São Leopoldo (RS).
Bebeto dirigiu o Instituto Estadual de Música da Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul e o Centro de Música da Funarte. Foi secretário municipal de Cultura e Turismo da cidade de Uruguaiana e coordenador de música da Secretaria de Cultura da cidade de São Leopoldo.
O artista valorizava a simplicidade do dia a dia. "Ele adorava ficar em casa e tinha bom gosto para decoração. Gostava de olhar o pôr do sol, de almoçar junto com a família, de compartilhar a leitura de livros", conta Simone.
Quando se uniu a Bebeto, Simone era viúva e mãe de dois filhos —de um e três anos. "As crianças tiveram uma riqueza como pai. Ele era incrível como artista e ser humano. Considerou os meus filhos como sendo dele. Foi um pai muito dedicado."
O músico morreu em decorrência de câncer no pulmão. Além da companheira, deixa quatro netos e três filhas —a atriz Mel Lisboa, Luna Lisboa Alves e Kim Bins, frutos de relacionamentos anteriores—, além de Desiré e João Pedro, filhos de Simone.
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