Descrição de chapéu Obituário Lusimar Sousa (1951 - 2022)

Mortes: Empresário, sindicalista e fã da seleção, não viu a eliminação do Brasil

Filmado comemorando gol de Neymar na Copa de 2014, Lusimar Sousa deixa esposa, três filhos, sete netos e uma dúzia de galinhas

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Pedro Teixeira
São Paulo

O empresário Lusimar Sousa vibrou na arquibancada do estádio Mané Garrincha, em Brasília, quando Neymar marcou o primeiro gol contra a seleção de Camarões, no segundo jogo da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014. A comemoração foi gravada pela transmissão oficial.

O ingresso de R$ 350 para aquele jogo era uma compra improvável para alguém que tinha nascido em janeiro de 1951 e fora criado em uma fazenda em Goiatins, na divisa entre Tocantins e Maranhão, cuja população estimada é de cerca de 13 mil habitantes.

A sorte de Sousa começou a mudar quando ele chegou a Paraíso, hoje o quinto maior município tocantinense em população. Lá, conheceu a professora de primário Deijanira Abreu em 1969 numa festa, passaram a flertar e então a namorar.

Lusimar Sousa (1951-2022)
Lusimar Sousa (1951-2022) - Arquivo pessoal

Ainda naquele ano, ela ficou em Paraíso e ele se mudou para Goiânia para ser policial na época da ditadura militar —dizia ter vergonha da carreira, mas era a melhor alternativa para quem só tinha estudado até o primário. A relação se manteve.

Deijanira o seguiu para a capital goiana em 1971, o casamento foi em 1972. Nas bodas de ouro, em 2022, o esposo comentou que se encantara pela mulher naquele primeiro encontro.

Em Goiânia, Sousa fez supletivo para concluir o segundo grau e se tornou corretor de imóveis. O dom para vender e contar histórias o fez ter sucesso nessa profissão.

Comprou, no fim dos anos 1980, um sítio de 200 mil m² em Aparecida de Goiânia. O lote ficava no setor de Chácara São Pedro, que não tinha asfalto nem saneamento.

Sousa respondeu a essas carências com reivindicações, atuando no Sindicato de Moradores da Chácara São Pedro, do qual foi presidente. Hoje, as vias do local estão asfaltadas, e as casas, ligadas à rede de esgoto.

De trato fácil, chamava todos pelo vocativo "campeão". Gostava tanto da palavra que batizou em 1991 a própria empresa de Campeã. O estabelecimento vendia e depois passou também a fabricar colchões e sapatos ortopédicos.

Recentemente, contraiu Covid e precisou ser intubado um dia antes de o Brasil ser eliminado pela seleção croata. Com insuficiência renal, foi transferido para um hospital em Goiânia. No último dia 15, morreu aos 71 anos ao infartar durante uma sessão de diálise.

Sousa deixa a esposa, três filhos, sete netos e uma dúzia de galinhas. No seu quarto, ficam livros —os títulos vão de Sócrates a exemplares sobre espiritualidade. Fica também um teclado eletrônico, cujas teclas estavam habituadas aos acordes de clássicos do forró pé de serra.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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