Descrição de chapéu Obituário Edinalda Luzia Veloso Santos (1946 - 2022)

Mortes: Pernambucana adorava frevo e viajar

Edinalda Luzia Veloso Santos chegou a São Paulo na adolescência, onde fez família, mas nunca abandonou suas origens no Carnaval do Recife e de Olinda

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São Paulo

A pernambucana Edinalda Luzia Veloso Santos, a Edina, gostava de assistir ao filme "Grease, nos Tempos da Brilhantina" e tinha até o disco do longa de 1978, que poderia ser parte da trilha sonora de sua juventude, pela semelhança de parte das histórias.

Nascida no Recife, chegou a São Paulo aos 15 anos com a mãe e cinco irmãos mais novos, após uma semana de trem. A família morou de favor em um cortiço até a compra de uma casa no Grajaú, zona sul paulistana.

A pernambucana Edinalda Luzia Veloso Santos faz pose durante viagem a Paris; ela morreu no último dia 15 de novembro em seu apartamento, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo. aos 75 anos - Arquivo pessoal

Edina precisou trabalhar e arrumou emprego como auxiliar em um salão de beleza nos Jardins, zona oeste.

Ali perto, em uma lanchonete da rua Augusta, onde tomava refrigerante com uma amiga, conheceu o estudante de ciências sociais André Aron.

Filho de família tradicional, o universitário havia ido até a badalada rua de encontro de jovens dos anos 1970 para estrear o carro novo, que havia ganhado após tirar a carteira de habilitação.

Nascia ali o relacionamento entre o rapaz que foi exibir o seu carrão e a mocinha, como no clássico estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John (1948-2022).

Numa história de muitos contrastes —o rapaz ainda cursaria jornalismo e direito, diferentemente dela, que acabou estudando pouco—, André e Edina mantiveram uma longa amizade, até engatarem um namoro rápido e decidirem morar juntos.

Os dois só se casaram quando os filhos Mariana e Bernardo já estavam indo para a escola. "Eu tinha cinco anos e me lembro da cerimônia no cartório e da festa que inaugurava a nossa nova casa", afirma a filha.

O casamento não durou muito, apenas quatro anos, mas eles ainda manteriam uma relação cordial que nunca acabaria.

Com os ensinamentos dados pelas clientes dos requintados salões de beleza onde trabalhou, Edina aprendeu a administrar bem a própria vida. Uma dessas mulheres, a apresentadora de TV Hebe Camargo (1929-2012), aliás, além de conselhos, deu o enxoval quando a cabeleireira estava grávida da filha.

Foram viagens quinzenais durante mais de 20 anos ao Paraguai, de onde trazia produtos importados para vender nos próprios salões, que ajudaram a mulher a criar os filhos quando se separou.

E também para sustentar sua maior paixão: o Carnaval pernambucano. Praticamente todos os anos ia ao Recife e a Olinda, onde saía no tradicional Galo da Madrugada e em outros blocos. "Ela costurava as próprias fantasias", lembra Mariana.

Edina adorava dançar e não era apenas frevo. Certa vez, colocou os dois filhos no carro e viajou para Cambuí, no sul de Minas Gerais, onde ganhou um concurso de lambada.

Em 2011, ela aposentou o bate e volta ao país vizinho. Mas foi com o dinheirinho juntado nas longas jornadas de ônibus ao Paraguai que conseguiu fazer viagens mais prazerosas. Nesse mesmo ano, foi com a filha à Europa.

Na volta, mudou-se sozinha para Maceió, pois queria ficar perto das belas praias da capital alagoana. Retornou para São Paulo cinco anos depois. Na pandemia, vendia comida congelada. "Ela expressava muito seus afetos por meio da comida", diz a filha. "Era muito trabalhadora, animada e criativa."

Edina realizou o sonho de ser avó em abril passado, quando nasceu Noah, filho de seu caçula.

Festeira, sempre fazia questão de comemorar o aniversário —e completaria 76 no último dia 12.

Em 15 de novembro, sentiu falta de ar durante a madrugada e foi assistir TV em seu apartamento no Jaguaré, zona oeste, enquanto esperava clarear o dia para pedir ajuda. Morreu aos 75 anos, em casa, de causas naturais, segundo a família.

"Ficaremos com a risada gostosa e volumosa da Edina nos nossos ouvidos e corações", dizem o ex-marido e a filha.

Edinalda Luzia Veloso Santos deixou os filhos Mariana Luzia Aron, 45, e Bernardo Henrique Aron, 44, além do neto Noah, de sete meses.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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