Todos os dias, Joaquim Centurion Sanchez bebia um copo americano de vinho no almoço. Ele considerava a bebida um remédio para todos os males. Aos 100 anos e com stent no coração, tinha a concordância do cardiologista.
Natural de Catanduva (a 385 km de São Paulo), Joaquim era filho de fazendeiro. Cresceu trabalhando na lavoura.
Em 1945, casou-se com Maria Fontes, hoje com 98 anos. Em 1964, mudou-se com a família para a capital paulista na tentativa de melhorar de vida.
Em São Paulo, atuou em vários segmentos. Foi servente de pedreiro e guarda-noturno, por exemplo. Quando perdeu o pai, com parte da herança, abriu uma empresa de terraplanagem, em Santo André (ABC), ao lado de dois dos filhos. Permaneceu por lá até se aposentar.
A empresa mudou de segmento e de comando: passou a um dos filhos. Em outubro de 2022, Joaquim e Maria completaram 77 anos casados. Com mais tempo livre após a aposentadoria, as doses de companheirismo, amor e cuidado aumentaram.
"A preocupação dele antes de morrer era com a esposa, como e com quem ela ficaria", diz Elaine. Joaquim partiu dia 3 de dezembro, em decorrência de uma insuficiência respiratória. O "bom princípio" —um costume que envolvia filhos, netos e bisnetos— já estava guardado.
No final do ano, Joaquim entregava a cada um deles uma moeda de um real. A atitude era uma forma de desejar que o novo ano fosse bom.
Reservado, gostava de festas e brincadeiras somente com a família. No futebol, torcia para o time que estava ganhando a partida. Joaquim nunca fazia dívidas. Só adquiria um bem se tivesse dinheiro para pagar.
Até antes da pandemia de Covid-19, já perto dos 100 anos, fazia todas as atividades externas como ir à feira, à lotérica e comprar remédios.
Joaquim deixou a mulher, seis filhos, 14 netos e 18 bisnetos.
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