Descrição de chapéu Obituário Solange de Sampaio Godoy (1940 - 2023)

Mortes: Criou a primeira associação de amigos do Museu Histórico Nacional

Solange de Sampaio Godoy era uma das figuras mais importantes da museologia brasileira

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São Paulo

Mesmo com a aposentadoria antes dos 60 anos, a museóloga e historiadora Solange de Sampaio Godoy continuou ativa. Estudou e envolveu-se em trabalhos em equipe e projetos.

Solange era carioca, mas morou em Resende (RJ) porque o pai era fazendeiro. Aos 11 anos, por desejo da mãe, ao notar que a inteligência da filha estava acima da média, voltou ao Rio para estudar num colégio interno. Três anos depois, com a morte do pai, passou a morar com a família em Copacabana.

Solange de Sampaio Godoy (1940-2023)
Solange de Sampaio Godoy (1940-2023) - Arquivo pessoal

O interesse por museus começou cedo. Em 1961, Solange graduou-se em museologia pelo MHN (Museu Histórico Nacional). Mais tarde, em 1974, formou-se em história na PUC do Rio, onde cursou mestrado em história social da cultura, com término em 2004.

A museóloga soma contribuições relevantes para o setor e passagens emblemáticas. Montou e dirigiu o extinto Museu do Primeiro Reinado (Casa da Marquesa de Santos) e lecionou no Museu Histórico Nacional (RJ), onde foi diretora de 1985 a 1989.

"Antes de ser diretora do Museu Histórico Nacional, minha mãe viajou aos Estados Unidos para entender como funcionavam as associações de amigos dos museus —as entidades filantrópicas ligadas aos museus que recebem doações para auxiliar no desenvolvimento cultural. Ela criou a primeira associação de amigos do Museu Histórico Nacional. Foi a primeira do gênero no Brasil, nos anos 1980", conta a jornalista Fernanda Godoy, 56, sua filha.

Solange lecionou no primeiro curso de museologia da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e atuou como curadora em muitas exposições. A última —Leopoldina, princesa da Independência, das Artes e das Ciências— ficou em cartaz no Museu de Arte do Rio.

Desde o ano passado, estava a serviço da Funarj (Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro) como curadora do projeto de reabertura da Casa de Oliveira Vianna —onde viveu o jurista, historiador e sociólogo Francisco José de Oliveira Vianna—, em Niterói, e da Casa de Euclides da Cunha —dedicada ao autor de "Os Sertões"—, em Cantagalo.

Para o museólogo e diretor geral do Instituto Moreira Salles, Marcelo Araújo, que foi aluno de Solange, ela era uma das figuras mais influentes e importantes da museologia brasileira das últimas décadas.

"Profissional brilhante, extremamente generosa, que teve atuação diversificada, seja como professora ou à frente de diferentes museus e muitos projetos, principalmente no campo do museu de história. Ela pode ser vista como uma precursora da museologia social", afirma Araújo.

A museóloga assina as publicações como "O Avô do Tempo: diário de um meteorologista" (2009), que partiu de sua dissertação de mestrado. O conteúdo aborda 28 volumes de registros deixados pelo avô Joaquim de Sampaio Ferraz, que iniciou as primeiras cartas sinópticas do tempo e previsões meteorológicas no Brasil, em 1915, segundo consta em sua biografia.

Solange casou-se pela primeira vez aos 20 anos. Da união nasceram Fernanda e Rodrigo Godoy. Há 39 anos, estava casada com o arquiteto Luís Antonelli, 66.

Ela morreu dia 15 de janeiro, aos 82 anos, por complicações de um AVC. Deixou o marido, dois filhos e a neta Valentina, 17.

"Minha mãe era generosa, acolhedora, amorosa e dedicada à família, aos amigos, colegas e ex-alunos. A casa dela estava sempre aberta a todos. Tinha alegria de viver e vontade de realizar coisas. Ela foi uma pessoa com sabedoria para viver. Construiu uma vida produtiva e bonita", diz Fernanda.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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