Tragédia de Brumadinho tem idas e vindas na Justiça; entenda

Caso está na Justiça Federal, que acatou denúncia contra 16 executivos pelas 270 mortes

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São Paulo

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Nesta quarta-feira (25), completaram-se quatro anos desde de que uma das barragens ligadas à mineradora Vale se rompeu e matou 270 pessoas em Brumadinho. Os últimos dias foram de definições sobre a investigação dos responsáveis pela tragédia.

Investigados: Vale, Tüv Süd e 16 executivos das empresas na época. Nesta semana, eles se tornaram réus. A acusação é de homicídio qualificado multiplicado por 270 (número de vítimas) e crimes contra a fauna, folha e poluição, explica o repórter Leonardo Augusto, correspondente da Folha em Belo Horizonte.

Lembre o que aconteceu: um rompimento de barragem despejou 9,7 milhões de metros cúbicos de lama em terminais de carga, um refeitório e outras estruturas onde estavam funcionários da Vale e terceirizados, uma pousada, áreas de mata e animais e o leito do rio Paraopeba.

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Moradores resgatam cachorro após lama invadir casas do bairro Parque da Cachoeira, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte - Eduardo Anizelli 26.jan.2019/ Folhapress

Idas e vindas: associações que representam atingidos reclamam de mudanças e demora na ação penal na Justiça. Resumimos abaixo o vai e vem em cinco episódios:

  1. Em janeiro de 2020, 16 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público sob acusação de homicídio doloso duplamente qualificado e crimes ambientais;
  2. A Justiça estadual de Minas Gerais aceitou a denúncia e todos os denunciados viraram réus, em fevereiro de 2020;
  3. Em outubro de 2021, parecer do STJ definiu que o caso seria de competência da Justiça Federal. A mudança, que anulou denúncia anterior, foi um pedido da defesa do ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman e do engenheiro Felipe Figueiredo Rocha;
  4. No Supremo Tribunal Federal, a decisão foi revista pelo ministro Edson Fachin, que devolveu o caso à Justiça de Minas, em junho de 2022;
  5. Em dezembro de 2022, a 2ª Turma do STF reviu a decisão e o caso foi para a Justiça Federal.

Por que importa? Parentes das vítimas preferiam que o caso fosse julgado na Justiça de Minas. Isso facilitaria, por exemplo, a realização de um júri popular com pessoas de Brumadinho.

  • "É um absurdo [a discussão sobre quem deve julgar]. É um crime que aconteceu aqui [em Minas]", afirma Maria Regina da Silva, 58, diretora da Avabrum.

Advogados de defesa alegam que a tragédia envolveria possíveis danos a sítios arqueológicos e interesses da União, logo deveria estar na esfera da Justiça Federal.

  • "Não estamos escolhendo [qual] Justiça, só analisando a legalidade", defende o advogado Pierpaolo Bottini.

Romaria que partiu da matriz de São Sebastião, em Brumadinho ate o letreiro (placa "Brumadinho", na entrada da cidade).
Moradores de Brumadinho (MG) fazem romaria e relembram tragédia envolvendo o rompimento da barragem que causou 272 mortes - 25.jan.2023 - Aedas

Como fica: o Ministério Público pretende recorrer e trazer o julgamento para Minas. Mas o caso seguirá na Justiça Federal por enquanto para evitar o risco de prescrição, explica a repórter Natália Cancian, de Belo Horizonte.

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