Após temporal, casos de gastroenterite aumentam no litoral norte de SP

Médicos alertam para possibilidade de ocorrências de leptospirose e desidratação da equipe de resgate

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São Sebastião (SP)

Após as fortes chuvas que mataram mais de 60 pessoas em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, médicos e a população local notaram casos de gastroenterite na região. O contato com a lama do temporal pode ter sido o responsável pela alta.

Ocorrências de infecção gastrointestinal nesta época do ano são comuns, afirmam médicos. A gastroenterite pode ser causada por vírus, parasitas ou bactérias e costumam ser encontradas em água contaminada e alimentos mal lavados ou mal armazenados.

Pacientes aguardam atendimento em cadeiras na entrada do posto
Posto médico improvisado em São Sebastião (SP) para atender casos como os de infecção intestinal registrados após as chuvas - Bruno Santos/Folhapress

No litoral norte, casos de gastroenterite foram responsáveis por 20% dos atendimentos em hospitais. Após as tragédias, o índice subiu para 30%. Juan Lambert, diretor da UPA de São Sebastião, diz que na sexta-feira (24) já houve redução nas ocorrências.

Segundo ele, uma preocupação é a possibilidade de registros de leptospirose e hepatite A, doenças em que os sintomas só devem aparecer a partir do quinto ou sexto dia. "Ainda estamos no período em que essas doenças podem aparecer", diz ele.

Um posto médico foi montado dentro de uma escola municipal na Barra do Sahy, onde está parte dos desabrigados e desalojados. Ali, a equipe médica afirma que entre as 25 consultas que foram realizadas neste domingo (26), 4 são de gastroenterite.

O restante se divide entre dermatite, lesões leves e controle de doenças que os pacientes já tratavam antes das enchentes.

Vice-prefeito de São Sebastião, Reinaldo Moreira, comenta que o aumento de 30% é ainda não é considerado significativo e, por ter um aspecto viral, pode ter sido motivado por diferentes causas. "Nosso sistema de saúde é robusto e tem conseguido tomar conta de todos os casos", diz Moreira.

O endocrinologista Fernando Carrasco, que trabalha no Hospital de Boiçucanga, em São Sebastião, afirma que a busca por atendimento médico na região por casos de gastroenterite já era alta antes da tragédia. Por isso, é difícil dizer ainda se o aumento está relacionado com o contato com a lama.

Agora, ele afirma que já começaram a surgir alguns casos de suspeita de leptospirose. Por enquanto, são leves.

Juan Lambert ainda alerta que, além da possível contaminação da população, há risco para equipes de resgate, cujo trabalho exige muito esforço físico sob forte calor —mais de 30°C— e que podem sofrer desidratação.

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