Descrição de chapéu chuva

'Estão todos enterrados aí', diz pedreiro que perdeu família em São Sebastião (SP)

Reginaldo Gomes tinha parentes nas duas vielas onde lama soterrou mais casas na Barra do Sahy

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Resgatistas procuram por vítimas em local onde a lama soterrou casas, na Barra do Sahy, em São Sebastião Bruno Santos - 22.fev.23/Folhapress

São Sebastião (SP)

Não são raros moradores e moradoras da Barra do Sahy, área mais atingida pela chuva em São Sebastião (SP), que relatam terem perdido múltiplos parentes. Próximo de um locais que o rio de lama devastou, o pedreiro Reginaldo Gomes dos Santos, 49, tinha dificuldade para numerar os familiares que foram vitimados.

"Estão todos enterrados aí. Aqui tem três, lá na rua tem uns quatro", calcula, incluindo na conta os parentes que desapareceram também na rua Zero. Ele tinha parentes nas duas vielas onde a lama soterrou mais casas. "Eram todos primos e sobrinhos. Tudo morto aí. Tem minha sobrinha, a Jéssica, o Tonho, a Mariana... Um monte".

Rua totalmente tomada por lama e escombros na Barra do Sahy - Bruno Santos - 22.fev.23/Folhapress

Santos é um sobrevivente da tragédia. Também morava na rua Um, mas sua casas foi menos atingida. Ele tomava fôlego enquanto falava com a Folha. Há quatro dias está ajudando nas escavações.

Estão todos enterrados aí. Aqui tem três, lá na rua Um tem uns quatro

Reginaldo Gomes dos Santos, 49

pedreiro, sobre parentes mortos na tragédia

"Agora eu vou me meter pra dentro dessa lama e voltar para a luta", disse, indo na direção do lamaçal onde o cheiro característico de cadáver se misturava ao odor de esgoto.

Outro que sofreu com múltiplas perdas foi o mecânico Allan Bruno Benício de Siqueira, 31. "Aqui na casa estavam meu padrasto, minha mãe, minha irmã e sobrinha, que um dia antes fez 9 anos", relata. Ele segura um telefone celular e uma carteira de documentos enlameados.

Da casa mencionada pelo mecânico, sobraram as colunas de concreto que sustentavam o portão por onde dezenas de pessoas entravam para retirar lama e entulho em busca de vítimas. Moradores afirmam haver cerca 30 soterrados somente naquele local, incluindo a família de Siqueira, que não havia sido encontrada até a tarde desta quarta-feira (22). "Perdi quatro entes meus aqui."

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