Prefeituras divulgam nomes de 20 vítimas das chuvas no litoral de São Paulo

Gestão de São Sebastião organizou velório coletivo no centro histórico da cidade

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São Paulo

Fabiane, Ellyza, Francisco e Levy são alguns dos nomes que deixarão de ecoar no cotidiano de famílias que vivenciaram a tragédia no litoral norte paulista.

Eles integram a lista divulgada nesta terça-feira (21) pela prefeitura de São Sebastião com 19 vítimas do temporal histórico registrado entre sábado (18) e domingo (19). Até o fim da tarde, a Defesa Civil registrou a morte de 46 pessoas, sendo 45 no município e uma em Ubatuba.

Corpos de vítimas são colocados em veículos da Polícia Científica
Corpos de vítimas são colocados em veículos da Polícia Científica - Bruno Santos - 20.fev.23/Folhapress

As vítimas já identificadas em São Sebastião e liberadas para sepultamento são: Dandara Vida Cazé de Souza; Donaria Santos Figueredo; Eduardo Leonel Chrestan; Ellyza Nayanne Celestino de Lima; Fabiane Freitas de Sá; Francisco Lara; Gabriela Ribeiro; Levy Santos de Oliveira; Robério Lima Saldanha; Rosângela Sandanha da Silva; Samuel de Lima Silva; Yan Allyab Celestino de Lima; Angela Maria Ferreira Benicio; Bruna Emanuela Benicio dos Santos; Maria Clara Benicio dos Santos e Genival Tomas da Silva, sendo os quatro da mesma família; além de Kledson Souza, Pamela Aparecida Pereira e João Ribeiro da Silva.

A gestão municipal organizou um velório coletivo para as vítimas. A cerimônia de despedida teve início no fim da manhã desta terça, em uma tenda montada na avenida Doutor Altino Arantes, no centro histórico.

A prefeitura de Ubatuba também anunciou o nome da criança morta na cidade: Laysa Vitória de Jesus Amorim, de 7 anos. O corpo da garota de cabelos pretos cheios de cachinhos será transportado para a Bahia porque a família decidiu retornar para seu estado de origem.

Entre as pessoas que morreram no desastre estão os primos Eduardo Leonel Chrestan, 11, e
Dandara Vida Cazé de Souza, 10, que moravam em Santo André, na Grande São Paulo.

Eles estavam com os artesãos Anderson Cazé e Fabiana Souza, pais de Dandara, na Barra do Sahy. O imóvel era alugado e costumava ser usado pela família em feriados, quando o casal viajava para o litoral para vender suas peças.

"Eles estavam na vila, vendendo, e quando começou a chover tiraram as coisas, guardaram e resolveram que iam para casa. Eles subiram o morro, tomaram banho, comeram e deitaram para dormir. Quando estavam dormindo, a Fabiana começou a escutar barulho de árvore caindo e, de repente, a casa desmoronou", contou a prima das crianças, a atendente Julia Alyssa Vicente, 18.

Os primos Eduardo Leonel Chrestan e Dandara Vida Cazé de Souza usam beca
Os primos Eduardo Leonel Chrestan, 11, e Dandara Vida Cazé de Souza, 10, que moravam em Santo André, na Grande São Paulo - Leitor

"Eles compraram um terreno, mas não começaram a construir, por isso alugavam esse barraquinho, que era a última casa do morro", disse Julia.

Dandara morreu pouco após o desabamento, enquanto Eduardo ficou desaparecido por horas. A família fez uma campanha na internet divulgando o desaparecimento e pedindo informações e, na noite de segunda-feira (20), recebeu a ligação de uma vizinha do Sahy informando que o corpo havia sido encontrado.

"Eu coloquei em várias redes sociais a notícia de que estávamos procurando o Eduardo e isso fez com que muitos voluntários que estavam no Instituto Verdescola, muitos heróis, me procurassem. Eles iam mostrando foto, procurando nome em lista", recorda Julia.

Os corpos de Eduardo e Dandara estão sendo levados a Santo André. Eles devem ser sepultados por volta das 9h desta quarta-feira (22) no cemitério da Vila Pires, na mesma cidade.

Fabiana e Anderson estão internados no Hospital de Caraguatatuba. Ela teve fratura exposta nos dois braços e passou por uma cirurgia. Anderson foi atingido por uma pedra durante o deslizamento. O impacto provocou fraturas na bacia e nas duas pernas e perfurou um dos rins.

Para ajudar o casal, a família criou uma vaquinha virtual. A intenção é permitir a compra de medicamentos, além de auxiliar financeiramente os autônomos, que perderam o carro, um Chevrolet Celta, e outros pertences.

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Homenagem à servidora municipal Fabiane Freitas de Sá, vítima da tragédia em São Sebastião - Divulgação

Fabiane Freitas de Sá, 40, é outra vítima identificada. Segundo a prefeitura de São Sebastião, ela era coordenadora do Programa Criança Feliz, projeto do governo federal vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social. Ela morava na Estrada da Maquinha, no bairro Boiçucanga.

O total de pessoas fora de casa, desabrigadas ou desalojadas, chega a 2.500. Os desaparecidos somam 40, mas os números ainda devem aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de estruturas que cederam.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo, fez um apelo para que os turistas aproveitem as liberações e o tempo firme e deixem as cidades do litoral norte.

"Quanto mais gente sair, melhor, porque alivia a pressão na região. Quem puder se deslocar até a capital e outros pontos, que o faça", disse.

A subida da serra pode ser feita pelo sistema Anchieta-Imigrantes ou pela rodovia dos Tamoios, a depender do ponto na Rio-Santos onde o turista se encontra. Caso esteja na altura da Praia de Juquehy (km 176), sentido Bertioga, a rota é somente pelo sistema Anchieta-Imigrantes. Para o motorista do outro lado da interrupção total da Rio-Santos (km 174), a opção é a Tamoios.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nesta segunda com o governador e o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).

Lula pediu que não sejam mais construídas casas em encostas de morros, a fim de evitar novas tragédias, e ressaltou a importância da parceria entre os governos —federal, estadual e municipal—, independentemente de questões partidárias.

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