Descrição de chapéu yanomami

PF faz operação para investigar organização ligada à compra de ouro ilegal em Roraima

Polícia investiga movimentações de mais de R$ 420 milhões relacionadas ao garimpo ilegal

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Reuters

A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta terça-feira (14) uma operação para investigar a compra de ouro ilícito em Roraima. A ação foi batizada de Avis Aurea (ave dourada, em latim), em alusão à saída do ouro por meio de aviões comerciais no estado.

De acordo com a PF, estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em Roraima, São Paulo e Goiás. Empresários, advogados e um servidor público estão entre os investigados, mas a corporação não divulgou os nomes dos alvos dos mandados.

A investigação começou após a Polícia Rodoviária Federal apreender mais de R$ 4 milhões em espécie em um veículo na cidade de Cáceres, em Mato Grosso. A PF disse que o valor seria transportado para a aquisição de ouro ilegal na capital de Roraima, Boa Vista.

Imagem mostra mão de piloto de avião que opera ilegalmente no garimpo dentro da Terra Indígena Yanomami segurando pequenos pedaços de ouro extraído de dentro da reserva
Ouro é extraído de forma ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima - Lalo de Almeida - 7.fev.2023/Folhapress

Em comunicado, a PF disse que parte da organização estaria baseada no estado e receberia valores de pessoas físicas e jurídicas de outros locais para a compra de ouro de garimpos ilegais. A principal forma de movimentação do dinheiro seria por via terrestre, saindo das regiões Sudeste e Centro-Oeste com destino à Boa Vista.

Já para a saída do ouro de Roraima, o grupo contaria com o apoio de um funcionário de uma companhia aérea.

A PF disse que a organização teria movimentado pelo menos R$ 422 milhões em cinco anos. Uma das empresas envolvidas já foi alvo de uma ação que apreendeu 111 kg de ouro em um avião em Goiânia.

Na semana passada, a PF já havia deflagrado a operação Libertação, que busca apreender ou destruir infraestrutura utilizada na prática do garimpo ilegal e reunir provas da atividade criminosa na Terra Indígena Yanomami, também em Roraima.

As ações recentes da PF em relação ao garimpo ilegal ocorrem após a invasão de mais de 20 mil garimpeiros à reserva indígena nos últimos anos. As invasões resultaram em doenças e violência armada que aterrorizaram os yanomami, estimados em cerca de 28 mil, e levaram a uma crise humanitária entre os indígenas, provocando desnutrição grave e mortes.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou emergência sanitária na terra yanomami e disse que terá tolerância zero para o garimpo em terras indígenas, protegidas pela Constituição.

O antecessor de Lula, Jair Bolsonaro (PL), defendeu a mineração em terras indígenas protegidas, e seu governo fez vista grossa para um novo aumento nas invasões de reservas por garimpeiros e madeireiros ilegais, além de reduzir o financiamento da fiscalização contra crimes ambientais.

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