Ataque de aluno expõe abandono das escolas, diz sindicato de professores de SP

Categoria afirma que falta de funcionários e de policiamento no entorno mostram ausência de políticas públicas de segurança

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São Paulo

Após o ataque que resultou na morte de uma professora de 71 anos e mais cinco feridos em uma escola na Vila Sônia, na zona oeste da capital paulista, o sindicato de professores do estado publicou uma nota criticando o que eles chamam de falta de segurança e abandono das escolas.

De acordo com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a entidade cobra há anos medidas do governo do estado para a redução da violência no ambiente escolar.

Momento em que o adolescente esfaqueia alunos e professores na manhã desta segunda-feira (27) dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo - Reprodução

O ataque aconteceu na escola estadual Thomazia Montoro, na rua Adolfo Melo Júnior, na Vila Sônia, zona oeste da capital. O agressor tem 13 anos e é aluno do 8º ano do ensino fundamental. Ele foi apreendido pela polícia.

Segundo a Apeoesp, "faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar para a conscientização sobre o problema e busca de soluções".

O sindicato critica, ainda, o que chama de abandono de projetos voltados para a harmonia e o bem-estar nas escolas, como o Programa de Mediação Escolar, criado em 2009 pela Seduc (Secretaria da Educação) a partir de proposta do sindicato. "As consequências fazem sentir no crescimento do número de casos", acrescentou a entidade.

Questionado pela reportagem sobre as afirmações do sindicato, o Governo de São Paulo afirma, em nota, que a Polícia Militar foi acionada e que a Civil investiga os fatos desta segunda-feira. Disse ainda que lamenta a morte da professora Elisabeth Tenreiro, 71, e se solidariza com as famílias dos professores e alunos vítimas do ataque.

O CPP (Centro do Professorado Paulista) também se manifestou sobre "mais este violento episódio". Em nota, a entidade disse que "o governador Tarcísio de Freitas deve priorizar a segurança nas escolas, com programas voltados à saúde mental e de apoio a alunos, professores e comunidade escolar".

"A escola deve ser local de acolhida, onde impera uma cultura de paz e harmonia, respeito às diferenças e combate à violência, seja ela física, psicológica ou de qualquer outro tipo", diz trecho da nota do CPP.

OUTROS CASOS

Outros casos de violência dentro do ambiente escolar marcaram o país nos últimos anos.

Em 13 de março de 2019, dois ex-alunos invadiram a escola Raul Brasil, em Suzano, e dispararam em direção a um grupo de alunos e da coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezu, uma das vítimas.

Policiais chegaram à escola quando os dois atiradores ainda faziam os disparos na direção dos estudantes, que deixavam o prédio desesperados.

Em setembro de 2019, um estudante de 14 anos esfaqueou um professor nas dependências do CEU (Centro Educacional Unificado) Aricanduva, na zona leste. O ataque causou pânico e correria entre alunos e professores.

LEIA NA ÍNTEGRA A NOTA DA APEOESP

Mais um caso de violência expõe o abandono das escolas estaduais

Mais um caso lamentável e chocante de violência em escola estadual expõe o descaso e o abandono do Estado em relação às unidades da rede estadual de ensino de São Paulo.

Um adolescente invadiu na manhã desta segunda-feira a Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, na capital, e esfaqueou quatro pessoas, causando a morte de uma professora, identificada como Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. As outras vítimas, pelas informações disponíveis, não correm risco de morte.

A Apeoesp vem há anos realizando pesquisas sobre a questão da violência nas escolas e cobrando da Secretaria Estadual da Educação e demais órgãos do Governo Estadual providências para a redução da incidência dessas ocorrências. Faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar para a conscientização sobre o problema e a busca de soluções.

O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela Secretaria da Educação a partir de proposta da APEOESP em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolarfoi virtualmente abandonado. As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos.

É necessário que o Governo do Estado ouça a comunidade e, de imediato, que recomponha o quadro de funcionários das escolas estaduais não com pessoal terceirizado, mas com servidores selecionados por meio de concurso público e retome o programa de mediação escolar.

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