Ministério da Saúde está sem um dos inseticidas para combate a mosquito da dengue

Item serve para o combate do Aedes aegypti adulto; segundo pasta, não há desabastecimento dos outros tipos utilizados

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São Paulo

O Ministério da Saúde está sem estoque de um inseticida utilizado no combate a mosquitos transmissores de doenças e tenta comprar o insumo desde o final de 2021, o que tem prejudicado o abastecimento de estados e municípios.

O produto é usado no processo de nebulização, o chamado fumacê, para controle do Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Mais de um ano depois de ter início, o processo de compra do inseticida encontra-se na fase final de contratação.

Uma nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, publicada no início do mês, diz que há expectativa de que o insumo chegue ao Armazém Central do Ministério da Saúde até meados de abril.

O motivo é a alteração no cronograma de entregas pelo fabricante do inseticida. Diante da dificuldade em conseguir o produto, em maio do ano passado a pasta deu início ao processo de compra de outro produto para o fumacê. A intenção é evitar a dependência de um único fornecedor.

Funcionário da Prefeitura de São Paulo, em 2019, durante nebulização contra o mosquito da dengue na zona norte da capital - Eduardo Anizelli - 2.mai.2019/ Folhapress

Esse segundo processo de compra, no entanto, precisa passar pela aprovação de excepcionalidade da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser concluído. Esse processo está em curso. A previsão é que, se a excepcionalidade for aprovada, ainda sejam necessários ao menos dois meses até que o produto esteja disponível para distribuição.

O Ministério da Saúde disse, em nota, que disponibiliza aos estados e ao Distrito Federal quatro tipos de inseticidas para o controle do Aedes aegypti.

O produto que está em falta é o Cielo ULV, que serve para o combate a mosquitos adultos. A nebulização com esse produto, segundo o governo, é considerada a última medida de controle do inseto, para situações emergenciais em que todas as outras alternativas foram esgotadas.

A pasta afirma que a falta de estoque do inseticida não interfere no controle de larvas do mosquito, método que o ministério considera mais eficaz na prevenção de doenças.

"Cabe reforçar que nenhuma medida é eficaz isoladamente, ou seja, as demais atividades de controle vetorial precisam ser desenvolvidas de forma integrada, incluindo o controle mecânico, como a eliminação de possíveis criadouros", disse o ministério, em nota.

Ainda segundo o ministério, não há desabastecimento dos outros tipos de inseticidas. "Ressalta-se que os estoques de larvicidas para tratamento de criadouros que não são passíveis de remoção, não sofreu desabastecimento, e que esta estratégia é mais efetiva e duradoura para redução da proliferação do Aedes, em comparação ao uso de inseticidas em UBV", diz a nota da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Neste mês, o ministério já publicou duas notas alertando sobre o aumento dos casos de dengue e chikungunya.

Nas nove primeiras semanas de 2023, o Brasil teve 242.886 casos prováveis de dengue —um aumento de 47,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. A região com a maior taxa de incidência de dengue neste ano é o Centro-Oeste, com 213 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão as regiões Sudeste, com 172 casos por 100 mil habitantes, e Norte, com 75,4 casos por 100 mil.

O ministério afirma que 49 mortes por dengue já foram confirmadas no país neste ano e 124 estão em investigação.

Em relação aos casos de chikungunya, houve aumento de 109% nos casos prováveis da doença neste ano. Foram 35.566 casos prováveis registrados, ou 16,7 casos a cada 100 mil pessoas. "Este número está acima do limite máximo esperado, considerando o diagrama de controle da série histórica de 2016 a 2022", diz uma nota informativa do Ministério da Saúde.

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