Descrição de chapéu Obituário Maria Claudia de Aguiar Destri (1953 - 2023)

Mortes: Tradutora, adorava dançar e se orgulhava de saber russo

Maria Claudia de Aguiar Destri criou três filhos com liberdade e diálogo

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São Paulo

Maria Claudia Destri sempre se orgulhou de conseguir o bacharelado em russo na USP, nos anos 1970. Embora não tenha trabalhado com a formação no idioma, valorizava a conquista e fazia questão de lembrar do trote.

"Ela contava que deram aos calouros uma lista de livros para comprar. Quando chegaram à livraria, os nomes eram todos palavrões", diz a filha, Luisa Destri, 38.

Nascida e criada na capital paulista, Maria Claudia estudou francês e espanhol durante a graduação. Após a formatura, foi trabalhar como secretária no escritório de arquitetura de Sérgio Teperman, em São Paulo.

maria claudia destri posa para foto, é branca, tem cabelos pretos curtos, usa casaco. ao fundo, é possível ver a torre do sino de uma igreja e o mar
Maria Claudia de Aguiar Destri (1953-2023) - Arquivo pessoal

Nos anos seguintes vieram o casamento e a maternidade, com os filhos Luisa e Marcos, 33. Quando nasceu a mais nova Angela, 30, em 1993, a mãe assumiu a tarefa em tempo integral.

"Ela contava quantas vezes por dia passava de carro pelo portão do prédio levando a gente para escola, natação e balé", diz Luisa. Para a filha, a rotina materna que tomava praticamente todo o tempo de Maria Claudia impediu algumas realizações, mas permitiu à mãe levar a vida do jeito que queria.

Em 1999, foi aprovada em um concurso para tradução juramentada na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Trabalhou com a tradução de textos e documentos para espanhol.

Nos anos 2000, com o divórcio, aproveitou para viajar e fazer viagens com os filhos. Em 2012, foi conhecer a Europa e ver de perto as culturas que só conhecia pelos estudos de línguas, literatura e artes.

Não dispensava uma cervejinha e adorava dançar. "Ela sempre foi para frente, nunca foi uma mãe que limitava, mas estava sempre orientando, conversava sobre sexualidade", diz a filha. "Foi assim desde jovem. Também se orgulhava de ter amigos que enfrentaram a ditadura militar."

O câncer, descoberto em 2021, materializou um medo antigo. Maria Claudia havia perdido a mãe e uma das irmãs para a doença. O tratamento foi duro, mas a filha conta que ela conversou enquanto pôde, até no momento de aceitação.

"Ela até fez piada. Disse que eu ia me libertar, porque ‘mãe é um saco’", lembra a filha.

Maria Claudia morreu em 2 de março, aos 70 anos. Deixa a irmã gêmea, Maria Cecília, os filhos Luisa, Marcos e Angela e a neta Antonia, 3.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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