Descrição de chapéu transporte público

Prefeitura de São Paulo estreia aplicativo de transporte com corrida 'fake' e sem Nunes

Vereador fez viagem com motorista que o esperava a poucos metros; gestão municipal não enviou representante

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São Paulo

O vereador Marlon Luz (MDB) deu duas voltas em quarteirões do Jardim Paulista, na região central de São Paulo, com um carro que acionou pelo aplicativo municipal MobizapSP na manhã desta quinta-feira (23), na corrida que inaugurou a ferramenta. Era uma viagem acertada previamente: o motorista estava a menos de 20 metros de distância do vereador, em frente a uma entrada do hotel Renaissance na alameda Santos, esperando o aplicativo apitar pela primeira vez.

No momento em que Luz e o motorista acionaram a corrida, o MobizapSP ainda não estava disponível para nenhum outro usuário. Os dois celulares receberam uma liberação excepcional para fazer a viagem ao redor de dois quarteirões.

Para os demais usuários, o aplicativo foi liberado por volta das 13h. A reportagem da Folha testou o aplicativo ao longo do dia, mas teve dificuldades em conseguir uma corrida. Poucos motoristas apareciam na tela, e por quatro tentativas nenhum deles aceitou uma viagem de 2,5 quilômetros pela região central. Após 25 minutos de tentativas, um motorista aceitou a corrida apenas na modalidade Premium, mais cara para o usuário.

O vereador Marlon Luz faz corrida inaugural do MobizapSP - Zanone Fraissat/Folhapress

A corrida, em meio ao trânsito congestionado da capital por causa da greve dos metroviários, custou R$ 11,09 para um trajeto que durou menos de 20 minutos para ser percorrido. A viagem foi feita na modalidade Premium da plataforma, que conta com carros de padrão mais alto e tarifa mais cara.

A estreia do aplicativo não contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de nenhum representante da Prefeitura de São Paulo, contratante do consórcio que opera o app e espécie de reguladora do serviço. Estavam lá apenas Luz e o representante do consórcio, Thiago Hidalgo.

"A demanda dela [prefeitura] era poder ser um regulador de mercado, de toda essa questão de quanto custa o quilômetro, a bandeirada, o valor do minuto", disse Hidalgo, que é diretor-presidente da Consilux, uma das empresas que integra o consórcio.

"Isso tudo é avaliado e aprovado pela prefeitura, que faz esse controle, e ela tem acesso a toda a 'infra', a toda a malha de corridas que estejam acontecendo para fazer inclusive estudos de origem e destino, saber onde tem mais trânsito", acrescentou.

Apesar de ter sido contratado pela prefeitura, o MobizapSP é tratado como uma ideia do vereador Marlon Luz, que foi vice-presidente da CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal.

A prefeitura afirma que não teve custos na contratação do serviço e que não será remunerada pela atividade do aplicativo. Todo o valor arrecadado com a taxa de administração será destinado às empresas que o operam. O Consórcio C3 foi o único concorrente no certame, realizado no ano passado.

A promessa é que a remuneração seja mais vantajosa para os motoristas, na comparação com outros apps de transporte. O contrato pede que o MobizapSP destine aos motoristas 89,05% do valor das corridas.

Não haverá tarifa dinâmica nos horários de pico, o que pode levar a corridas mais baratas do que as praticadas por Uber e 99, por exemplo.

O aplicativo tem um "botão do pânico" para situações de perigo, mas a prefeitura ainda não sabe qual será a punição para quem for denunciado. Segundo Hidalgo, a gestão municipal e as empresas conversam sobre a possibilidade de banir motoristas ou passageiros que cometam algum abuso durante o uso da plataforma, mas ainda não há definição sobre isso.

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