Ricardo Nunes afirma que ato do MTST tem como pano de fundo as eleições municipais

Movimento montou um acampamento em frente à prefeitura, no centro de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta quarta-feira (15) que os atos promovidos pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), que montou um acampamento em frente à sede da administração municipal, no centro paulistano, têm como pano de fundo as eleições municipais do próximo ano.

Nunes evitou citar o nome do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que é apontado como possível candidato no pleito do próximo ano. No entanto, ao ser questionado por jornalistas especificamente se ele se referia ao congressista, o prefeito sinalizou positivamente.

Boulos, por sua vez, afirma que o prefeito não sabe diferenciar o que é pauta eleitoral e pauta da administração municipal.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante visita à obra do Metrô - Rubens Cavallari/Folhapress

Integrantes do MTST realizaram uma manifestação nesta quarta (15) na região central de São Paulo e acamparam em frente ao prédio da prefeitura. Eles acusam o prefeito de não cumprir promessas de construção de moradia popular e apontam falta de diálogo com o poder municipal.

Segundo a Polícia Militar, por volta das 15h30, havia cerca de 60 pessoas e 15 barracas no local.

Em suas redes sociais, o MTST disse que o ato é motivado por pautas de moradia, sem especificar quais são elas.

Ao sair de uma reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, Nunes refutou a tese de que não ouve as demandas dos movimentos, além de afirmar que vem realizando obras de construção de moradias populares. E, então, apontou caráter político das manifestações, visando às eleições do próximo ano.

"A gente vai sentir, imagino que agora, alguns movimentos muito antecipados visando à eleição do ano que vem. São movimentos ligados a alguns candidatos. Eu lamento porque a gente tem feito um grande atendimento [às demandas]", afirmou o prefeito.

Nunes então citou que foi assinado um convênio para a construção de 14 mil unidades, sendo que 3.000 já estão em obras, com a prefeitura fornecendo subsídios e apoio técnico para as entidades.

Também disse que autorizou a reforma do histórico edifício Prestes Maia, que foi ocupado, e que vai entregar 273 chaves aos beneficiados.

"Agora a gente tem que saber perceber, todos aqui são inteligentes, que vai ter algumas situações que vão utilizar dos movimentos para pautar a questão da eleição do ano que vem. Eu não vou cair nessa. Vou continuar atendendo as pessoas e vou entregar o maior programa habitacional da cidade de São Paulo", respondeu.

Ao ser questionado por um jornalista se ele se referia a Boulos, apenas respondeu que ele era um "bom analista da conjuntura política".

O deputado federal Guilherme Boulos rebateu a fala de Nunes, afirmando que o prefeito não está cumprindo as suas promessas e compromissos referentes à moradia popular. E acrescentou que "talvez seja adversário dele no ano que vem", mas que Nunes está misturando temas que deveriam ser de sua responsabilidade com questões eleitorais.

"O prefeito Ricardo Nunes tem que saber diferenciar o que é uma pauta da administração e o que é uma pauta eleitoral. Ele não está sabendo", afirmou o deputado federal, ao chegar para uma reunião no Planalto na manhã de quinta-feira (16).

"No caso, as pessoas estão fazendo manifestações lá por compromissos de moradia que foram feitos aliás pelo prefeito Bruno Covas, depois reafirmados por Ricardo Nunes, que agora, por razões eleitoreiras, ele decidiu descumprir", completou o parlamentar.

Boulos citou como exemplo a questão da Vila Nova Palestina, cujo decreto de desapropriação venceu porque não houve aporte de recursos. A nova reivindicação é pela publicação de um novo decreto para que essas ações possam ser feitas no âmbito do Minha Casa Minha Vida.

Ricardo Nunes participou na noite de quarta-feira (15) de uma reunião com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para tratar da aquisição do Palácio dos Correios, pela prefeitura.

A ideia do prefeito é transformar o prédio, localizado na praça Pedro Lessa, no vale do Anhangabaú, na primeira unidade do projeto SP24, que tem a proposta de reunir serviços municipais ao cidadão durante 24 horas, em funcionamento similar ao Descomplica.

Segundo Nunes, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que há duas possibilidades: a venda do prédio para a prefeitura ou mesmo uma concessão a longo prazo. Padilha afirmou que vai se reunir com a presidência dos Correios para avaliar a viabilidade da operação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.