Descrição de chapéu Páscoa

Confundida com a KKK por capuz, tradição goiana é cercada de mistério

Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás, começou a ser representada em 1745

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Thiago Varella
Colaboração para o UOL | UOL

Em um primeiro olhar, o símbolo da bateria da Atlética de Medicina da PUC-Goiás se parece com um membro da Ku Klux Klan, uma organização terrorista e racista que prega a supremacia branca e existe até hoje nos Estados Unidos. Mas, não se confunda, o capuz em forma de cone, neste caso, representa os farricocos, personagens da Procissão do Fogaréu, que ocorre anualmente na cidade de Goiás (GO).

Fiéis vestidos com capuz
Procissão do Fogaréu acontece na cidade de Goiás (GO) e atrai fiéis e turistas - Reprodução/Wikimedia Commons

O que é a Procissão do Fogaréu?

  • Toda madrugada de quinta-feira santa, 40 homens se vestem com túnicas coloridas e um capuz cônico e pontudo. Eles levam tochas na mão. São os farricocos, homens que representam os soldados romanos enviados para prender Jesus.
  • A partir da meia-noite, eles seguem descalços pelas ruas de pedra da cidade histórica, que já foi capital do Estado, acompanhados por uma multidão.
  • A procissão segue acompanhada pela música de uma fanfarra que toca tambores e dita o ritmo da caminhada, ora lenta, ora rápida.
  • A procissão termina na Igreja São Francisco de Paula, em uma cerimônia que representa a prisão de Cristo no Monte das Oliveiras.
  • Após a prisão de Cristo, que é quando um estandarte de linho com a imagem de Jesus é carregado por um farricoco de branco, o bispo da Diocese de Goiás, da Igreja Católica, faz uma homilia em que relembra os sofrimentos de Jesus durante os 40 dias da quaresma.
  • Em seguida, a procissão volta ao ponto de partida.

A Procissão do Fogaréu começou a ser representada em Goiás em 1745, com o padre espanhol Perestelo de Vasconcelos. Desde 1965, a procissão é organizada pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições.

Farricocos são homens "secretos"

Tradicionalmente, os farricocos são homens que vão à procissão para se penitenciar. Hoje, os 40 "soldados" seguem sendo homens. As mulheres participam apenas auxiliando a procissão, como, por exemplo, cuidando das roupas usadas por eles. O anonimato dos farricocos também faz parte da tradição. Historicamente, quem se veste com as roupas dos soldados não revela a identidade.

A roupa, apesar de semelhante à da Ku Klux Klan, remete à dos algozes de tempos medievais. No caso dos farricocos goianos, as roupas são sempre coloridas. Nos pés, os participantes não usam nada e devem caminhar descalços pelas ruas de pedra de Goiás.

Evento turístico

Além do caráter religioso e cultural, a Procissão do Fogaréu atrai turistas para Goiás. Antes da pandemia, a cidade chegava a receber até 60 mil visitantes para a festividade que, desde 2018, faz parte do Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Goiás.

Mudança após polêmicas

Devido à confusão entre personagens, a bateria da Atlética de Medicina da PUC-Goiás, a Bateria Caótica, que por várias vezes já teve de se explicar nas redes sociais, deve, em breve, mudar seu logotipo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.