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Empresário investigado por morte de brasileira que caiu de prédio na Argentina é solto

Francisco Sáenz Valiente não pode sair do país nem se aproximar da família de Emmily Rodrigues

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Buenos Aires

O empresário investigado pela morte da brasileira Emmily Rodrigues Santos Gomes, 26, que caiu do sexto andar de um prédio de Buenos Aires, na Argentina, foi solto pela Justiça nesta quarta-feira (19), três semanas após o caso.

O juiz Martín Del Viso, do Tribunal Nacional Penal e Correcional nº 31, concluiu que não havia indícios suficientes para a manutenção da prisão. O argentino Francisco Sáenz Valiente, 52, estava detido desde a manhã do dia 30, quando a modelo foi encontrada pela polícia nua no vão do edifício.

A Folha tentou entrar em contato com o advogado do empresário, Rafael Cúneo Libarona, duas vezes pelo telefone de seu escritório, mas ele não retornou as ligações. Ele tem declarado que seu cliente é inocente. Amigos e familiares farão uma manifestação em frente à embaixada brasileira nesta sexta (21), pedindo justiça.

Emmily Rodrigues, 26, foi encontrada morta após cair do 6º andar de um prédio em Buenos Aires - @_milyrodriguess no instagram

O magistrado determinou uma série de restrições ao suspeito. Ele não poderá sair do país e terá que se apresentar à Justiça a cada 15 dias, ainda que virtualmente. Também está proibido de se comunicar com testemunhas ou os pais da jovem, segundo os jornais Clarín e La Nación, que tiveram acesso à decisão de 79 páginas.

O juiz pediu ainda que seja colhida uma série de novas provas —na Argentina, a Justiça tem poderes e atribuições maiores nessa fase da investigação, em comparação ao Brasil. Entre elas está uma nova busca por drogas e material genético no apartamento e também na casa de Emmily.

Ainda há mais dúvidas do que respostas no caso. Sabe-se que, na noite anterior, a baiana foi a um restaurante, a um bar e depois seguiu com duas amigas brasileiras para um "after" no apartamento do empresário, que estava com uma quarta amiga brasileira, no bairro abastado do Retiro.

Valiente diz que, por volta das 9h, após duas delas irem embora, a jovem teve um surto psicótico causado pelo consumo de drogas e se jogou da janela. Ele e vizinhos chegaram a ligar para a emergência antes de ela cair, mas foi tarde. A versão do uso de entorpecentes foi corroborada pelas colegas em depoimentos, segundo a mídia local.

O empresário argentino Francisco Sáenz Valiente, 52, suspeito pela morte da modelo brasileira Emmily Rodrigues, 26 - Francis Saenz Valiente no Facebook

Nos últimos dias, circulou a informação de que um exame toxicológico feito em seu sangue teria confirmado o uso da chamada cocaína rosa. O advogado que representa a família, porém, nega essa informação e diz que o laudo ainda deve demorar semanas para ficar pronto.

"Ainda há muitas testemunhas a depor, pessoas que conhecem o suspeito, que conhecem a vítima", disse o argentino Ignacio Trimarco à Folha nesta segunda (17). A Justiça e o Ministério Público decretaram sigilo sobre o caso, por isso as informações oficiais são escassas.

Os pais da baiana, que seguem em Buenos Aires, dizem acreditar que houve um homicídio e pretendem recorrer à Justiça para que o empresário volte a ser preso. A família e as amigas da jovem refutam a versão de suicídio.

Eles dizem que ela era muito seletiva com suas companhias, não costumava beber muito ou perder o controle e era muito pequena (media cerca de 1,60 metro), portanto seria facilmente contida em caso de surto. Também criticam uma tentativa de manchar a imagem de Emmily como mulher.

As autoridades argentinas investigam a morte da brasileira Emmily Rodrigues, 26 - @milyrodriguess no Instagram

Valiente inicialmente era investigado por homicídio. Após pedido da Promotoria, porém, a Justiça alterou os delitos imputados a ele para feminicídio (crime para o qual a Argentina prevê prisão perpétua), porte ilegal de arma (encontrada no apartamento com registro vencido) e fornecimento de entorpecentes, segundo o La Nación.

De acordo com amigas de Emmily, a jovem se mudou de Salvador para Buenos Aires há cerca de quatro anos, depois que conheceu um ex-namorado argentino. Chegou a cursar três semestres de medicina na nova cidade, mas parou.

Em seguida, trabalhou em uma agência de turismo e fez cursos de estética. Recentemente, atuava como modelo fotográfica e em eventos privados e tinha planos de investir um dinheiro guardado em uma clínica de estética para mulheres e homens.

Também namorava outro argentino que até agora não veio a público e com quem as brigas eram frequentes, conta uma amiga, que diz não saber se eles terminaram o relacionamento antes do ocorrido. Morava sozinha com sua cachorrinha Chanel num apartamento no bairro de Caballito, a 7 km de onde morreu.

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