Brasil ainda aguarda confirmação da prisão de Thiago Brennand para extradição

Empresário foi detido nesta segunda, porém autoridades brasileiras dizem que ainda não foram informadas oficialmente

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São Paulo

Autoridades brasileiras ainda aguardam a confirmação oficial da prisão de Thiago Brennand, 43, para dar prosseguimento à extradição do empresário. A informação foi dada pelo portal G1 e confirmada pela Folha por fontes do governo.

O governo brasileiro já tem conhecimento da prisão, porém ainda aguarda a comunicação para que agentes da Polícia Federal embarquem aos Emirados Árabes Unidos para a conclusão dos trâmites.

O empresário Thiago Brennand, que foi preso nos Emirados Árabes e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias
O empresário Thiago Brennand, que foi preso nos Emirados Árabes e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias - Reprodução/Instagram

A expectativa era de que quatro agentes embarcassem nesta terça-feira (18) para o país e que o empresário chegasse ainda na sexta-feira (21) no Brasil. Porém, o procedimento não pode ser concluído sem a comunicação oficial da autoridade do país para onde o empresário viajou no início de setembro.

Ele responde a oito processos e tem cinco pedidos de prisão decretados pela Justiça de São Paulo por crimes sexuais, como estupro, além de agressões.

Em vídeos postados nas redes sociais, o empresário sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso "injustamente" no país.

Assim que desembarcar no Brasil, ele será encaminhado para a audiência de custódia. Em seguida, será encaminhado para o sistema penitenciário —a expectativa é que ele vá para a CDP (Centro de Detenção Provisoria) 2 de Guarulhos.

Brennand foi preso nesta segunda-feira (17) em Abu Dhabi, poucos dias após autoridades dos Emirados Árabes terem aceitado o pedido de extradição do governo brasileiro. A prisão era uma etapa necessária para o andamento do processo.

Segundo o promotor Josmar Tassignon Júnior, de Porto Feliz, interior de São Paulo, a partir do momento da prisão a defesa dele tem até dez dias para se manifestar. Na cidade, onde o empresário tem casa, há ao menos dois processos contra o empresário.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, a audiência está marcada para o dia 30 de maio na 2ª Vara de Porto Feliz, sobre o processo em que Thiago Brennand responde pelo crime de estupro.

Já o Ministério Público diz que a iminente extradição de Brennand representa "uma vitória para o sistema de Justiça do Brasil".

A Promotoria considera que, com a presença do empresário em solo brasileiro, o andamento das ações será acelerado, assim como as "demais investigações que estão em andamento no âmbito do Ministério Público".

Por meio de nota, a Polícia Federal afirma que, por questões de segurança, informações sobre extradição não são divulgadas até a sua efetiva realização. Ou seja, até que o extraditando seja recolhido ao sistema prisional.

Thiago Brennand viajou para os Emirados Árabes em setembro do ano passado, poucas horas antes de ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo.

Na ocasião, ele respondia no caso que envolve agressão à modelo Alliny Helena Gomes em uma academia de São Paulo e corrupção de menores —a denúncia por corrupção de menores se baseia na suspeita de que ele teria incentivado o filho adolescente, que presenciou a agressão, a ofender a modelo.

Ao menos no início da sua permanência no país, o empresário se hospedou no Hotel Rosewood Abu Dhabi. O hotel de luxo possui quartos que, segundo sites de reservas de hotéis, tem diárias que parte de R$ 1.000 e chegam até R$ 39 mil.

Primeira prisão

Em 13 de outubro, ele foi preso pela polícia nacional dos Emirados Árabes, com auxílio da Interpol, após entrar na lista de foragidos por não retornar ao Brasil no prazo estipulado pela Justiça. Porém, ele foi solto logo após pagar fiança, informar endereço fixo e não poderia deixar o país árabe sem informar a Justiça.

Poucas semanas depois, o Itamaraty apresentou o pedido formal de extradição de Brennand aos Emirados Árabes Unidos. Na época, o governo emirático solicitou documentação complementar para análise do caso, que foi encaminhada pelo Ministério das Relações Exteriores, em coordenação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O pedido só foi autorizado no sábado (15), logo após a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país. Havia a expectativa de que Lula e o líder do país, Mohamed bin Zayed, conversassem sobre a extradição de Brennand.

Porém, em entrevista a jornalistas, o presidente Lula afirmou que não tratou sobre o assunto na viagem.

Lula disse ainda que é uma questão que cabe à Justiça, mas afirmou que se "existe um milhão de cidadãos como ele, todos merecem ser punidos, não é humanamente aceitável que um brutamonte desse seja um agressor de mulheres". "Eu acho que ele tem que pagar", disse o presidente.

No início de abril, o atual advogado do empresário, Eduardo Leite, chegou a pedir à Justiça a revogação dos pedidos prisões e a retirada de seu nome da lista de foragido da Interpol. Ao menos um deles foi negado pela Justiça.

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