Descrição de chapéu Obituário Marcelo Gomes Scholz (1961 - 2023)

Mortes: Artista por natureza, transmitiu sua alegria em pinturas e esculturas

Marcelo Gomes Scholz teve seus quadros expostos no Conjunto Nacional, na capital paulista

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São Paulo

Marcelo Gomes Scholz sempre foi o mais alegre e brincalhão dos sete filhos de José Wille Scholz, descendente de alemães que trabalhava como gerente de uma transportadora de café, e de Zélia Scholz, professora de pintura e tecelagem vinda de Jacutinga (MG).

Nascido no dia 5 de novembro de 1961 na cidade de Paranavaí, no norte do Paraná, Marcelo manifestou desde cedo o gosto pelas artes, seguindo os ensinamentos da mãe. Quando a família se mudou para Curitiba (PR), em 1972, ele estudou cerâmica no Centro de Criatividade e passou a vender esculturas na feira de artes do centro histórico da cidade, juntamente com o irmão Cley, ao lado da barraca da mãe, também artesã, que vendia tapetes, xales e gorros de lã de carneiro.

Era tão bom desenhista que, na adolescência, um amigo comprou um ingresso para um show no teatro Guaíra e pediu a ele para fazer cópias. Ele fez para sua turma e, na entrada, colocou o original por cima das reproduções. "Os amigos entraram, mas justamente ele foi barrado", diz o irmão Cley Scholz, 64.

Marcelo Gomes Scholz (1961 - 2023)
Marcelo Gomes Scholz (1961 - 2023) - Arquivo pessoal

Cley conta outro episódio que mostra o lado brincalhão de Marcelo. "Em um show do Caetano Veloso em 1982, no lançamento do disco 'Cores e Nomes', Caetano usava um chapéu de veludo azul. No fim da apresentação, ele saiu e deixou o chapéu no palco. O Marcelo não resistiu, foi lá, pegou o chapéu e saiu correndo. Todo o teatro viu e começou a gritar. Mas antes de os seguranças chegarem, ele o devolveu."

Marcelo se formou em Comunicação Visual na Universidade Federal do Paraná em 1984, quando trabalhava como desenhista técnico da Rede Ferroviária Federal.

Nessa época, porém, passou a ouvir vozes e foi diagnosticado com esquizofrenia. Desde então, esteve internado algumas vezes, mas jamais abandonou o gosto pelas artes. Pintava muito, quase sempre quadros abstratos. "Às vezes, retratava nas telas os sentimentos trazidos pela opressão da doença. Também gostava de escrever poesias e fazer esculturas em argila", conta Cley.

Para celebrar a arte de Marcelo, em 2014 os irmãos Simão Pedro e Cley montaram uma exposição com suas pinturas no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo.

Marcelo presenciou a morte do pai de infarto, na sala de casa, em 1996. Depois ajudou a cuidar da mãe até ela ser internada com Alzheimer. "Quando ela morreu, em julho de 2021, em plena pandemia de Covid-19, Marcelo ficou mais triste e perturbado. Passou a pintar menos e a fumar mais. E parou de sair de casa", lembra-se Cley.

Após um surto, ele foi internado em uma clínica psiquiátrica em Curitiba, onde morreu aos 61 anos, no dia 21 de abril.

No seu velório, ao som de "Blowing In The Wind", de Bob Dylan, no celular de Simão Pedro, os sobrinhos lamentaram a perda do tio mais brincalhão, o "maluco-beleza", que gostava de Raul Seixas e Dylan.

Marcelo deixa os irmãos José Wille, Cley, Renê, Gustavo, Simão Pedro e Carlos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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