José Nicolau Gregorin Filho, pesquisador e escritor, era estimado por aulas e conhecimento inspiradores em literatura infantojuvenil
O professor era do tipo que sempre fazia caber mais um em suas aulas. "Tínhamos que arrumar salas maiores para ele porque sempre estavam superlotadas", afirmou Júlio Fuji, amigo de Gregorin.
Professor por quase três décadas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Gregorin encantava por seu conhecimento e "didática impecável".
Também chamava atenção por sua amizade, alegria e descontração, mantendo a seriedade profissional. Sua passagem no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas foi definida como brilhante.
Mestre e doutor em linguística e língua portuguesa, ele atuou no programa de pós-graduação em estudos comparados de literaturas de língua portuguesa e na pró-reitoria de cultura e extensão universitária da USP. Foi também vice-diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e do Centro Universitário Maria Antônia, da USP.
"Muito generoso, o professor Nicolau colaborava com programas de pós-graduação em outras universidades brasileiras [como a Fuvest]", disse a USP, em nota.
O amigo Clóvis Lima recorda a grande admiração e preocupação de Gregorin pela área da literatura infantojuvenil e pela necessidade de formar bons novos escritores. "Ele fez um trabalho maravilhoso."
Os elogios são lembrados pelo companheiro David Weissberg. "Ele foi inspirador, era tido como referência pelos alunos, que mostravam muita gratidão por verem suas produções publicadas. Com ele, a coisa andava", disse. "Orientador de muitos, formou inúmeros escritores, romancistas, poetas e poetizas."
Na vida pessoal, era igualmente cativante e alegre, destaca Weissberg. "Ele gostava muito de passear e tomar cafés. Adorava viajar. Fizemos algumas viagens memoráveis. Era um uruguaio de coração."
O professor deu aulas até a véspera de sua morte. O projeto futuro, interrompido por um infarto, era se aposentar e ir morar no litoral paulista, em Caraguatatuba.
Nascido em Araçatuba, a 520 km da capital paulista, sempre foi muito carismático, criativo e estudioso, ressaltou a irmã Edilene Gregorin Morales. "Inventava brincadeiras e se divertia. Adorava nadar e ter amigos. Era cuidadoso e protetor; nosso porto seguro."
Cursou arquitetura e economia e quando jovem se arriscou em uma breve carreira de bancário. "Mas foi no curso de letras que ele verdadeiramente se encontrou. Falava sempre da alegria de ensinar", afirmou a irmã. "Esse era o Nicolau, intenso e genial."
Nicolau Gregorin Filho morreu em 25 de abril, de ataque cardíaco. Deixa a mãe, três irmãos, seu companheiro e alunos e colegas inspirados e agradecidos.
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