Promotoria denuncia aposentada e filho por ataques racistas a Eddy Jr.

OUTRO LADO: Defesa dos acusados diz que se manifestará exclusivamente no processo

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São Paulo

O Ministério Público denunciou à Justiça a aposentada Elizabeth Marrone e o filho dela por crime de ameaça. Ela foi gravada em outubro do ano passado proferindo insultos racistas contra o humorista Eddy Jr..

Em nota enviada à reportagem, a defesa de mãe e filho disse que soube da informação pela mídia, que aguardará a citação dos dois e dará a sua resposta exclusivamente nos autos do processo.

O caso aconteceu em um condomínio onde eles moram na Barra Funda, zona oeste paulistana.

O artista divulgou em suas redes sociais vídeos que mostram Morrone chamando-o de macaco. Ela também teria se negado a entrar no elevador ao lado dele.

Eddy Jr. foi alvo de ataques racistas em condomínio na Barra Funda, na capital paulista
Eddy Jr. foi alvo de ataques racistas em condomínio na Barra Funda, na capital paulista - @oficialeddy no instagram

Um mês após o ataque, a aposentada foi à Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância). Na unidade policial, foi entregue uma petição na qual se alega que ela chamou a vítima de macaco, além de outras ofensas, por estar "sob efeito de medicamentos".

Na denúncia apresentada à Justiça, a promotora Maria Fernanda Balsalobre Pinto, do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância do Ministério Público paulista, pede que se fixe indenização mínima ao humorista por dano moral.

"Trata-se de conduta criminosa que produz gravíssimos e deletérios efeitos no corpo social brasileiro, abrindo uma vez mais, como disse Darcy Ribeiro em 'O Povo Brasileiro', 'a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista', escreve a promotora.

Maria Fernanda afirma, ainda, que entende ser necessária a verificação de sanidade mental de mãe e filho —na denúncia, ela cita atestado apresentado pela aposentada.

Na noite de 19 de outubro, Eddy registrou um boletim de ocorrência de injúria racial e racismo na Decradi.

Em seu depoimento, ele afirmou que, na madrugada anterior, desceu para passear com sua cachorra e, ao sair do elevador, deparou-se com Morrone, que começou a ofendê-lo.

Segundo o registro policial, ela disse: "Seu neguinho, urubu, seu demônio preto, vagabundo, seu macaco, bandido, ladrão você está me seguindo". Parte das ofensas foi gravada pelo humorista em vídeo.

A moradora já vinha acusando o vizinho de invadir o apartamento dela e roubar objetos. Essas denúncias, porém, foram desmentidas pelo condomínio, segundo o advogado Diego Basse.

A perseguição a Eddy começou em abril, de acordo com o artista. Ele chegou a registrar um boletim de ocorrência contra a aposentada e o filho dela em 7 de setembro. No documento, relatou ter sido ameaçado por ambos.

O humorista também compartilhou nas redes sociais gravações de uma pessoa que ameaça matá-lo —de acordo com ele, a voz que aparece no arquivo é do filho da vizinha.

Em 2 de setembro, o síndico do condomínio registrou outro boletim de ocorrência, no 23º DP (Perdizes), no qual afirma que o filho de Morrone teria ameaçado Eddy de morte com uma faca. O episódio foi registrado por câmeras de monitoramento.

Em ação protocolada na 29ª Vara Cível de São Paulo no início deste ano, a aposentada pediu R$ 50 mil em danos morais ao condomínio onde ela e a vítima são vizinhos.

Na ação, o advogado Fermison Guzman Moreira Heredia argumenta que a mulher sofreu "severo prejuízo à saúde" em razão de movimentações e barulhos excessivos supostamente vindos do apartamento de Eddy Jr. durante meses antes da discussão registrada pelo artista e publicada nas redes sociais.

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