Oposição apresenta proposta de Plano Diretor que limita áreas de verticalização em SP

Bancadas do PT e PSOL também querem impedir mudanças em fundo para habitação de interesse social

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São Paulo

As bancadas do PT (Partido dos Trabalhadores) e do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) na Câmara Municipal de São Paulo apresentaram hoje propostas de substitutivo para o projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico, que pode ser votado nesta semana.

Os vereadores citaram como prioridades barrar alterações no Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) e limitar as áreas de verticalização ao redor de eixos de transporte.

Novos prédios mudam paisagem do Tatuapé, na zona leste da capital; Plano Diretor pode ampliar área de verticalização ao redor de eixos de transporte. - Eduardo Knapp/Folhapress

"Nossa bancada vai se empenhar para que nosso substitutivo como um todo seja acatado, mas se não for, alguns pontos, como o Fundurb, são inegociáveis para nós. Se eles não modificarem nós vamos votar contra. Mas se a gente obter alguns avanços, especialmente no Fundurb, nós podemos ver como a gente se posiciona", disse o vereador Manoel Del Rio (PT) em entrevista coletiva

O fundo, que tem entre seus objetivos viabilizar investimentos em habitação de interesse social e ampliação do transporte público, pode ter sua arrecadação comprometida.

O texto aprovado em primeira votação prevê que construtoras possam pagar parte da outorga onerosa (taxa cobrada de empresas para construir acima do limite) em obras para a prefeitura —atualmente o recurso é inteiramente destinado ao Fundurb.

As propostas apresentadas nesta segunda-feira (19) também preveem a manutenção da área que permite construções sem limite de altura ao redor de estações de metrô, atualmente em 600 metros. A proposta inicial do relator Rodrigo Goulart (PSD) prevê ampliação para até 1.000 metros, mas ele mesmo já disse que deve diminuir isso para 800 metros.

Parlamentares da oposição avaliam que a atual proposta de revisão desconfigura características do Plano Diretor aprovado em 2014, e afirmam que o texto prioriza interesses privados. Como mostrou a Folha, o projeto absorveu 18 de 26 propostas feitas pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).

Os dois substitutivos foram elaborados com a contribuição de movimentos sociais e urbanistas. Entre as propostas constam ainda a o estabelecimento de prazo de 4 anos para a prefeitura notificar proprietários de imóveis ociosos e a criação de instrumentos para garantir entrega de habitação de interesse social à população.

Pressionado, Goulart sinalizou recuo em alguns itens do texto, atendendo parcialmente essas e outras demandas da oposição. O relator deu como certa a exclusão do artigo que anula a lei que impede a construção de prédios mais altos do que a torre de observação do Mirante de Santana, principal estação meteorológica da cidade de São Paulo.

A Câmara também deve retirar incentivo para a construção de mais vagas de garagens em microapartamentos, como são chamadas as unidades com menos de 35 metros. Ainda deverá ser excluído do substitutivo a criação das zonas de concessão, que deixaria a critério da prefeitura definir as regras nas áreas públicas concedidas à iniciativa privada.

Parlamentares do PT devem se reunir nesta terça-feira (20) para avaliar se as alterações atendem suficientemente as sugestões da bancada. Já o PSOL deve tentar adiar a votação independentemente do que for proposto, argumentando que não houve tempo o bastante para avaliar e discutir os efeitos das mudanças propostas.

"A gente não acha que tem condições práticas e políticas de votar nessa semana. Nós vamos tentar em diálogo convencer o governo a ter um tempo mínimo de discussão. E se não for possível vamos utilizar dos instrumentos regimentais de obstrução", disse a vereadora Luana Alves (PSOL). O partido também estuda acionar a Justiça para adiar a votação.

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