PM algema e retira adolescente de escola estadual de São Paulo

O estudante teria quebrado o lacre de um extintor e espalhado água pela escola no dia anterior, segundo direção do colégio; coordenadora foi afastada

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São Paulo

Um adolescente foi abordado, imobilizado e algemado por policiais militares na noite da última terça-feira (6) dentro de uma escola estadual em Perus, na zona norte, em São Paulo.

O menor, de 17 anos, foi levado para a delegacia, após a Polícia Militar ser acionada pela coordenadora da unidade por danos que ele teria causado no prédio no dia anterior. A coordenadora foi afastada, de acordo com a Secretaria Estadual da Educação.

O nome do adolescente e o dos pais não foram divulgados, por isso a Folha não conseguiu contato com a defesa deles.

Adolescente aparece no chão sendo contido por dois policiais
Menor é abordado e algemado por policiais em escola de Perus - Reprodução/Globonews

Um vídeo da ação que circula nas redes sociais mostra quando os policiais tiram o adolescente de um banco, o jogam no chão, com a barriga para baixo e o imobilizam. Mesmo após a imobilização, um dos agentes ajoelha sobre as costas do estudante. Ele grita dizendo que está sufocando.

Outros alunos se revoltam com a abordagem e dizem que o adolescente é aluno da escola.

No dia anterior, o aluno teria sido advertido pela coordenação por ter quebrado o lacre de um extintor e espalhado água pela unidade. Para voltar a assistir às aulas ele deveria ter comparecido à escola com um responsável, mas não cumpriu essa regra.

Segundo a PM, em nota, a coordenadora teria ligado para a mãe do adolescente que teria respondido que não iria à escola e que ela mesma teria orientado a funcionária a chamar a polícia.

A PM afirmou que o estudante não atendeu as ordens dos policiais e resistiu a abordagem, e que foi necessário contê-lo e algemá-lo para depois retirá-lo da unidade de ensino e levá-lo à delegacia.

"Toda a ação policial, desde a negociação inicial, foi registrada pelas câmeras operacionais portáteis das equipes", destacou.

A coordenadora da escola e a mãe do adolescente também compareceram à delegacia. O caso foi registrado como dano ao patrimônio público, resistência e desacato. O estudante foi liberado para a mãe.

A PM não respondeu aos questionamentos sobre possíveis excessos dos policiais na abordagem.

POSSÍVEIS FALHAS

A Ouvidoria da Polícia manifestou preocupação com o caso, "compreendendo que pode ter havido falhas no acionamento da PM pela equipe gestora da escola, assim como na atuação desproporcional dos policiais."

O caso precisa de esclarecimentos, segundo a Ouvidoria, por isso a Corregedoria da PM será oficiada, assim como a Ouvidoria da Secretaria Estadual da Educação, para os encaminhamentos próprios da pasta.

A Ouvidoria da Polícia afirmou que se colocou à disposição para prestar eventual apoio à Educação, caso necessário.

"Cumpre observar que, este órgão vem buscando estratégias para a qualificação da atuação policial em espaços escolares, inclusive com a proposta de cursos formativos integrados", concluiu em nota.

A Corregedoria da PM foi procurada, mas respondeu que o contato deveria ser feito na sexta (9).

A Secretaria Estadual da Educação afirmou, em nota, que lamenta o fato e abriu uma apuração preliminar para apurar a conduta da gestão escolar. A coordenadora do período noturno da unidade foi afastada durante o andamento do processo.

O gestor do Conviva (Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar), segundo a pasta da Educação, conversou com a responsável e uma reunião, para orientação da equipe e acolhimento do estudante e colegas, foi marcada para segunda-feira.

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