Ex-aluna do Mackenzie é suspeita de desviar R$ 62 mil de colegas

OUTRO LADO: Defesa diz que acusação é injusta e que estudante usava conta pessoal para movimentar dinheiro com anuência de associação atlética

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo instaurou na última terça-feira (25) inquérito para apurar suposto de desvio de recursos de estudantes realizado por uma ex-aluna de arquitetura da Universidade Mackenzie. Ela será investigada por suspeita de apropriação indébita, crime com pena de um a cinco anos de reclusão.

A estudante é suspeita de desviar R$ 62,5 mil que seriam utilizados para promover a edição deste ano do Interfau, tradicional evento esportivo de faculdades de arquitetura e urbanismo de São Paulo. Ela era tesoureira da associação responsável pelos jogos e da Associação Atlética de Arquitetura do Mackenzie.

Em nota, a defesa da jovem, que não teve o nome divulgado, afirma que ela não foi oficialmente notificada e ficou sabendo do inquérito pela imprensa. Também afirma que ela é vítima de uma "campanha difamatória" e que "nunca se utilizou desse dinheiro".

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Fachada da Universidade Mackenzie, na rua da Consolação, centro de São Paulo. - Zanone Fraissat - 18.nov.2014/Folhapress

Segundo Simone Haidamus, advogada que representa as vítimas, o rombo no caixa da associação foi descoberto em setembro do ano passado, quando uma nova gestão assumiu a Atlética. A suspeita teria desviado os recursos para uma conta pessoal.

"Para alguns ela dizia que a conta jurídica estava bloqueada, para outros, que o banco cobrava taxas muito altas nas contas de pessoa jurídica, por isso ela estava usando a conta pessoal dela", disse a advogada.

Já a defesa da estudante afirma que a conta pessoal era utilizada "com conhecimento e anuência da presidente da gestão 2022 para economizar taxas bancárias e evitar a prática das gestões anteriores de pagamento único e exclusivamente em dinheiro vivo".

"Como a campanha difamatória deixou claro, a jovem não confia na índole da atual gestão e só fará o pagamento mediante aceite formal e assinatura de recibo de quitação. Ou em juízo. Ela nunca se utilizou desse dinheiro", diz.

Haidamus relata que no último encontro com a suspeita, em março, o pai da jovem, que também é advogado, chegou a pedir um recibo antecipado pela devolução do dinheiro. A proposta foi rejeitada e a reunião terminou sem acordo.

O caso está sendo investigado pelo 4º DP (Consolação), na região central. Estudantes devem ser ouvidos nesta semana e, posteriormente, os policiais devem intimar a ex-aluna a depor. "Outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia das investigações", diz nota enviada pela SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Em uma nota publicada nas redes sociais do Interfau, a associação informa que "os recursos financeiros para realização dos jogos foram reduzidos e, por consequência, o evento será mais simples". Cerca de 50% do orçamento foi comprometido, e por isso competições de atletismo, truco e Just Dance (jogo eletrônico) devem ser canceladas. Os jogos serão realizados de 2 a 10 de setembro.

A história do suposto desvio lembra a de uma aluna de medicina da USP que confessou ter desviado quase R$ 1 milhão destinado para realização da formatura dos estudantes.

Procurada, a Universidade Mackenzie informou que as Associações Atléticas têm CNPJ próprio e promovem "atividades esportivas em conformidade com seus respectivos regramentos". "Neste sentido, a Universidade Presbiteriana Mackenzie não tem responsabilidade sobre a organização e realização do evento ‘InterFau'", diz nota.

Sobre a estudante investigada, a universidade disse que ela não mantém mais ligação com o Mackenzie. "Até o momento a pessoa acusada não fez matrícula para o segundo semestre letivo. Portanto, não mantém vínculo ativo com nossa instituição".

Ainda segundo a nota, a estudante frequentou o curso de Arquitetura e Urbanismo até o ano de 2022, mas ainda não concluiu.

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