Descrição de chapéu Obituário Oswaldo Oka (1950 - 2023)

Mortes: Cruzou o mundo para trabalhar e criar os filhos

Filho de japoneses, Oswaldo Oka morou dez anos na terra de origem dos seus pais

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São Paulo

Um homem trabalhador e muito ligado à família. É dessa forma que familiares recordam de Oswaldo Oka. Pai de três meninos, largou a faculdade ainda jovem, quando nasceu o mais velho. "Lembro que quando eu era criança ele trabalhava muito e minha mãe ficava em casa com a gente", conta o caçula Samuel Oka, 37.

Ao mesmo tempo, era aquele tipo de pessoa que "sempre estava agitando alguma coisa". Os fins de semana estão entre as memórias especiais do filho mais novo. "Ele juntava toda a molecada da rua e levava para passear no Sesc. Colocava umas dez pessoas no Fusca dele", lembra Samuel.

Na época, eles moravam na região do Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo. Lá, seu Oswaldo também treinou o time de futebol formado pelos filhos dos veteranos do time do bairro.

homem idoso de origem japonesa com cabelos brancos ralos vestindo camisa branca em frente a paisagem de montanha e mata
Oswaldo Oka (1950 - 2023) - Arquivo pessoal

A sobrinha e afilhada Beatriz Fuser, 34, lembra de Oswaldo como um segundo pai. "Nós moramos na mesma rua quando eu era criança e foi uma figura paterna importante para mim", disse a linguista, que foi vizinha do tio durante quase toda a vida. "Ele era casado com a irmã gêmea da minha mãe, e elas sempre mudavam de casa juntas."

Filho de japoneses, Oswaldo foi criado em uma colônia de imigrantes em Paraguaçu Paulista, no interior. O casamento com Olga, em 1978, foi motivo de ruptura, conta Samuel. "Quando ele casou com uma brasileira, minha mãe, foi mal visto pela comunidade e acabou se afastando."

Na capital, trabalhou durante muitos anos no departamento de cenários e no almoxarifado do SBT, mas foi mandado embora depois que a empresa terceirizou o setor. Com o dinheiro da rescisão, comprou uma van para trabalhar entregando leite, mas o negócio não prosperou —na época, o leite longa vida se popularizava no mercado.

Desempregado e em dificuldade financeira, Oswaldo foi morar no Japão como dekassegui para garantir sustento à família —a palavra designa pessoas que trabalham longe de sua terra natal.

Lá, por dez anos foi operário em uma indústria de alimentos. Nesse período, se reconectou com suas origens e voltou a se aproximar da família de seus pais. "Nessa época, a mãe dele já tinha morrido, mas ele levou o pai e os tios para viajar ao Japão, e depois disso voltaram a ter mais contato", conta Samuel. Oswaldo também levou os filhos mais velhos para morar com ele por um tempo, e um deles continua lá até hoje.

De volta ao Brasil, passou alguns anos sem trabalhar, tempo em que pôde participar da vida da neta Camila, hoje com 17 anos.

Aos 66 anos abraçou uma oportunidade e virou motorista de van dos Correios, seu último emprego antes de se aposentar na pandemia. Samuel conta que, no fim de 2021, o pai começou a ter crises de tosse à noite, e ao fazer um exame descobriu que tinha câncer no rim. O tratamento começou imediatamente, mas não foi suficiente para frear o avanço da doença.

Morreu em casa em 20 de junho, aos 73 anos. Deixa a esposa, três filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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