Descrição de chapéu Folhajus

Promotoria recorre da absolvição de Camilo Cristófaro por acusação de racismo

Juiz de primeira instância disse que declaração 'é coisa de preto' de vereador paulistano tinha contexto de 'brincadeira'

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São Paulo

O Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão que absolveu o vereador Camilo Cristófaro da acusação de racismo. Em maio do ano passado, ele foi flagrado em uma sessão de CPI na Câmara Municipal dizendo "não lavaram a calçada, é coisa de preto". A frase foi captada pelo sistema de som e a reunião foi interrompida.

Há dez dias, o juiz Fábio Aguiar Munhoz, de primeira instância, entendeu que a fala do vereador foi retirada de um contexto de "brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha". Ele argumentou que a acusação deveria detalhar nos autos não apenas a fala do vereador, mas também provar a consciência e a vontade de discriminar.

O vereador Camilo Cristófaro (PSB) no colégio de líderes da Câmara Municipal de SP - Andre Bueno - 4.mai.2022/ Divulgação CMSP

Ao recorrer da sentença, o promotor Pedro Henrique Pavanelli Lima, do Gecradi (Grupo Especial de Combate a Crimes Raciais e de Intolerância), afirma que a fala é racista independentemente da forma como se interpreta a intenção do vereador. Ele diz que a lei não prevê que alguém deixe de ser responsabilizado por não ter a intenção de ofender, uma vez que o cunho racista existe de uma forma ou de outra.

No dia em que a frase foi gravada, Cristófaro inicialmente disse que a denúncia era mentirosa. Depois, admitiu ter dito a frase a um amigo chamado Anderson Chuchu e pediu desculpas. Chuchu, que já foi assessor do vereador, foi ouvido em juízo e confirmou que a frase foi dirigida a ele. Após ter sido absolvido, Cristófaro afirmou que "venceu a justiça e a verdade".

"[Independentemente de] Qualquer impressão pessoal no sentido de ser a agressão verbal racista mais ou menos grave, produto de pilhéria ou não, mostra-se inviável o afastamento da responsabilização criminal", escreveu o promotor. "O cerne da questão não é o apelado ter dirigido a frase a um amigo ou não, mas sim ter utilizado, de forma livre e consciente, a raça como elemento central para especial menosprezo e hierarquização."

Além da esfera judicial, o caso também deve ser julgado na Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo, que marcou para 24 de agosto uma reunião para discutir e votar o relatório final do processo contra o vereador.

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