Adolescente é morto em tiroteio em São Gonçalo, no RJ

Bryan dos Santos, 16, voltava da escola quando foi atingido; PM afirma que não fazia operação no local

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Rio de Janeiro

O adolescente Bryan Silva Ferreira dos Santos, 16, morreu após ser atingido por um tiro nas costas em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na tarde desta segunda-feira (21).

De acordo com relatório da Polícia Militar, uma viatura da corporação encontrou o jovem já sem vida.

Uma colega da vítima, que é testemunha, relatou que houve um tiroteio e que ele foi ferido ao protegê-la. Ambos voltavam da escola, no bairro Apolo 3, quando uma troca de tiros ocorreu na rua Elizeu Mendes Rodrigues.

jovem negro, com camisa vermelha, bermuda e tênis.
Bryan Silva Ferreira dos Santos, 16, morreu atingido por bala perdida - Arquivo Pessoal

Segundo a jovem, que tem 14 anos e estuda na mesma escola de Santos, um carro preto foi fechado por outro, de cor verde. Nesse momento, um homem passou a atirar. Ambos correram e um dos disparos quase os atingiu. Foi nesse momento que Santos deitou sobre as costas da colega para protegê-la.

A adolescente contou que, ao ver que Santos havia sido atingido, entrou em pânico e começou a gritar, pedindo para ele acordar. Moradores chamaram uma ambulância, mas os médicos constataram que ele já estava morto e o cobriram com um lençol.

Nas redes sociais, amigos fizeram postagens em homenagem à vítima, chamando-o de herói.

À tarde, moradores promoveram um ato na rua onde ocorreu o crime para pedir justiça. Eles afirmaram que o jovem, que cursava o nono ano, estava sempre sorrindo e, nas horas vagas, trabalhava em uma borracharia.

Em luto, a Escola Municipal Joaquim Pedro de Andrade, em Itaboraí, onde Santos estudava, não funcionou nesta terça (22). Na grade, um aviso: "Diante da triste notícia do falecimento do aluno (…), não haverá aula nesta terça-feira (…)". A unidade voltará a receber os alunos nesta quarta (23).

A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí afirmou que foi acionada e realizou perícia no local. "Diligências estão em andamento para apurar a autoria dos disparos que mataram o adolescente e esclarecer os fatos", afirmou a polícia, em nota.

A assessoria de imprensa da PM afirmou que policiais foram acionados para atender uma ocorrência envolvendo um cadáver. "No local, constataram o fato e acionaram a perícia."

Segundo relatos de moradores à PM no local, criminosos tentaram assaltar ou matar um fuzileiro naval residente no bairro e esse teria sido o motivo do tiroteio. A polícia, no entanto, não confirmou a informação e disse que investiga as circunstâncias. Imagens de câmeras de segurança eram levantadas nas redondezas.

Parentes do adolescente estiveram no IML (Instituto Médico-Legal) na manhã desta terça (22), porém não quiseram falar com os jornalistas.

Jovens mortos

Em agosto, pelo menos outros quatro casos de jovens mortos por tiros foram registrados no Rio.

No dia 7, Thiago Flausino, 13, foi baleado e morto enquanto passeava de moto na Cidade de Deus, zona oeste da cidade. Segundo familiares dele, o tiro que o atingiu partiu de um policial militar do Batalhão de Choque.

Os parentes afirmam que o PM também disparou contra o jovem quando ele estava deitado ferido no chão. A Divisão de Homicídios e a PM apuram o caso.

Na madrugada do mesmo dia, um jovem morreu baleado por um PM na saída de um baile funk no morro do Santo Amaro, no Catete, na zona sul da cidade. A morte de Guilherme Lucas Martins Matias, 26, também é investigada pela Polícia Civil, que apreendeu a arma utilizada pelo agente.

No dia 12, Eloah da Silva Santos, 5, foi morta ao ser atingida por um tiro dentro de casa, na Ilha do Governador, zona norte. O tiro foi disparado durante um protesto contra a morte de um adolescente de 17 anos.

A Secretaria de Polícia Militar disse que equipes do 17º batalhão da PM da Ilha do Governador faziam patrulhamento na avenida Paranapuã quando tentaram abordar dois homens em uma motocicleta. O que estava de carona carregava uma pistola disparou contra os policiais, que revidaram, segundo a PM.

Em 2023, de janeiro até esta terça (22), houve 24 crianças e adolescentes vítimas de balas perdidas na região metropolitana do Rio de Janeiro, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Nove morreram (seis crianças e três adolescentes) e 15 ficaram feridas (seis crianças e nove adolescentes).

No ano passado, no mesmo período, o instituto contabilizou nove crianças e adolescentes vítimas de balas perdidas na região —duas morreram (todas crianças) e sete ficaram feridas (três crianças e quatro adolescentes).

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