Descrição de chapéu drogas Cracolândia

Comerciantes da Santa Ifigênia fecham as portas em protesto contra a cracolândia

Sindicatos de categorias que trabalham na rua comercial aderiram à manifestação

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São Paulo

Comerciantes e moradores da região da Santa Ifigênia fecharam as portas das lojas na manhã desta quinta-feira (10) em protesto contra a permanência da cracolândia em uma via perpendicular à famosa rua comercial no centro de São Paulo.

Sindicatos de categorias que trabalham no local aderiram à manifestação com bandeiras.

Na frente das lojas fechadas, foram fixados cartazes com os dizeres "Lute pela Santa Ifigênia" e "Lute pelo seu trabalho seguro". Foram distribuídos apitos entre os manifestantes que também seguram cartazes com frases como "Queremos trabalhar".

Comerciantes e UGT durante protesto devido a falta de segurança e a presença da cracolândia na região da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

A concentração de usuários de drogas que formam o chamado fluxo da cracolândia se fixou há alguns meses na rua dos Gusmões, na esquina com a avenida Rio Branco. Trecho do quarteirão até a rua Santa Ifigênia é fechada para a circulação de carros e os dependentes químicos usam cordas para delimitar o espaço.

Donos de lojas de eletrônicos da região dizem que a presença da cracolândia no local fez as vendas caírem drasticamente.

Proprietária de uma loja de artigos para celular na rua dos Gusmões a poucos metros do fluxo, Jucy Moura diz que pretende fechar o pequeno comércio mas não tem dinheiro para pagar a multa de rescisão de contrato. "Tem dias que eu não vendo nada", diz.

Funcionária de uma loja de artigos elétricos imprimiram cartazes e foram para o protesto com o uniforme de vendedores. "Nós queremos trabalhar", disse a funcionária Ana Paula Ribeiro com um cartaz escrito "queremos o centro para todos". Segundo ela, uma filial da loja na rua Santa Ifigênia irá fechar as portas por causa da perda de clientes.

Dono de lojas de eletrônicos, o comerciante Fábio Zorzo disse que as vendas caíram 60% desde a chegada da cracolândia a região da Santa Ifigênia. "Tenho 150 colaboradores nas lojas. O comércio de rua está morrendo e não podemos deixar isso acontecer", disse.

Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), o centro da cidade perdeu 20 mil empregos no último ano. De cima do carro de som, o sindicalista discursou. Representantes da Força Sindical também pediram o fim da cracolândia e pediram mais segurança na região central.

De acordo com Josimar Andrade, diretor do Sindicato dos Comerciários, a entidade foi procurada pelos donos de comércios que pediram ajuda em relação à falta de segurança na região central que tem afastado os clientes. "Esse tema tem sido eficiente para quebrar essa barreira entre comerciantes e o sindicato. Temos uma luta em comum que é recuperar a Santa Ifigênia, uma marca de comércio eletrônico em São Paulo", diz.

Autoridades estudam medidas para a cracolândia

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse na última sexta-feira (4) que pretende isentar de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) imóveis na região da cracolândia, no centro da cidade.

A proposta deve ser enviada à Câmara Municipal até o final da próxima semana. E, caso projeto de lei seja aprovado, o benefício deverá valer para os anos de 2024 e 2025.

Nunes não detalhou o impacto da isenção para os cofres públicos, mas disse que o secretário da Fazenda, Luis Arellano, é favorável à proposta e prepara a minuta do projeto de lei.

No mês passado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) chegou a anunciar que iria transferir a cracolândia da Santa Ifigênia para o Bom Retiro, também na região central.

Na ocasião, ao lado do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, Tarcísio disse que a mudança seria feita "aos poucos". "A gente tem que ter paciência, tem efeito colateral, o pessoal vai querer voltar, vai ter balbúrdia. Vamos ter que organizar, ter que ocupar e não deixar o pessoal [da cracolândia] voltar", afirmou.

Dias depois, porém, ele recuou do plano e desistiu da mudança —moradores e comerciantes do Bom Retiro chegaram a realizar um protesto contra a transferência.

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