O avião Legacy 600, que caiu na Rússia nesta quarta-feira (23) com o líder do grupo mercenário Wagner, é do mesmo modelo envolvido em uma das maiores tragédias da avião brasileira: a que matou 154 pessoas em um Boeing 737 da Gol (voo 1907) em 29 de setembro de 2006, sobre a Amazônia.
Na ocasião, a aeronave, que havia sido comprada pela empresa americana Swift Aviation, saiu de São José dos Campos (SP), na sede da Embraer, com destino a Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), com escala em Manaus (AM).
Quando estava sobre a floresta amazônica no estado de Mato Grosso, o Legacy colidiu em pleno ar com a asa do Boeing. Com o impacto, parte de uma asa do Legacy sofreu avarias, mas os pilotos conseguiram fazer um pouso de emergência na base aérea da serra do Cachimbo, no sul do Pará. Os cinco passageiros e os dois pilotos não se feriram. O Boeing, no entanto, acabou caindo no meio das árvores, matando todos os passageiros e tripulantes a bordo.
A investigação conduzida pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), unidade da FAB (Força Aérea Brasileira) responsável por apurar acidentes e incidentes na aviação civil nacional, concluiu que a colisão ocorreu por erros de controladores aéreos e dos pilotos do Legacy.
No momento do impacto, o avião estava na contramão e na altitude errada. O Cenipa disse que os controladores não verificaram que a aeronave estava na altitude errada e os pilotos, por sua vez, não perceberam que o transponder, que controla o sistema anticolisão TCAS, estava desligado. Se estivesse funcionando, esse sistema evitaria a colisão.
Os pilotos do jato, os americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, foram condenados em 2011 pelo acidente. No entanto, o governo americano determinou que eles não erraram, apenas os controladores. Assim, ninguém sofreu punições.
O Legacy 600 foi lançado pela Embraer em julho de 2000 e teve sua produção encerrada em 2020, sendo substituído pelos modelos Phenom e Praetor.
O jato possui 21 m de envergadura e 26 m de comprimento, pesa 22.500 kg e transporta entre 12 e 15 passageiros. Sua autonomia de voo é de 6.290 km e a velocidade de cruzeiro, 870 km/h.
O Legacy 600 que caiu na Rússia foi produzido em 2007 para a Linxair, da Sérvia. Ele operou nas frotas da International Jet Management (Áustria), MNG Jet (Turquia) e Autolex Transport (RUS) antes de ser adquirido pelo Grupo Wagner, em setembro de 2020.
Já a aeronave que provocou a tragédia de 2006, depois de ficar quatro anos parado na base aérea da serra do Cachimbo, foi vendida para uma empresa especializada em compra e revenda de aviões. Em novembro de 2010, ela foi enfim levada para os EUA, onde teve sua asa reformada.
A partir de então, foi colocada à venda no mercado com pouco uso e abaixo do preço de mercado. Acabou sendo comprado por uma empresa de aviação executiva mexicana.
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