Morre aos 89 anos dom Geraldo Majella, arcebispo emérito de Salvador

Fundador da Pastoral da Criança, religioso participou do processo de beatificação de irmã Dulce

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São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador

Morreu neste sábado (26) aos 89 anos o arcebispo emérito de Salvador e um dos fundadores da Pastoral da Criança, dom Geraldo Majella Agnelo.

Dom Geraldo morreu em Londrina (PR), onde morava desde 2014. Em dezembro do ano passado, o cardeal sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e ficou os últimos meses em internamento domiciliar.

Dom Geraldo Majella em homenagem ao papa João Paulo 2º, no Vaticano, em 2005 - Lalo de Almeida - 16.abr.2005/ Folhapress

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou nota de pesar afirmando que o religioso deu a "vida à igreja no Brasil e no mundo".

"Dom Geraldo mostrou sempre grande zelo pela Liturgia, pela boa formação dos sacerdotes e do povo católico e pela irrestrita fidelidade ao papa e à Igreja."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte de dom Geraldo em publicação nas redes sociais.

"Recebi com tristeza a notícia do falecimento de dom Geraldo Majella, Arcebispo Emérito de Salvador. Seu legado na criação da Pastoral da Criança, seu exemplo de solidariedade e exercício cotidiano dos ensinamentos de Cristo permanecerão vivos. Meus sentimentos aos amigos e todos que foram ajudados ou inspirados pelo trabalho de dom Geraldo Majella."

A Arquidiocese de Londrina publicou neste sábado (26) uma carta, datada de março de 2020, em que dom Geraldo expressou o desejo de ser sepultado na cidade. O velório acontece na manhã deste domingo (27). Missas serão celebradas na catedral de Londrina a cada duas horas até o sepultamento, na segunda-feira (28). O município decretou luto oficial de três dias.

Geraldo Majella Agnello nasceu em 1933, em Juiz de Fora (MG), e durante a juventude cursou seminários em Minas Gerais e São Paulo. Formou-se em filosofia e teologia e foi ordenado padre em 1957, na catedral de São Paulo.

Na década de 1960 foi professor na Faculdade de Filosofia da PUC-São Paulo e passou nove anos em Roma.

Em 1982, foi nomeado pelo papa João Paulo 2º arcebispo de Londrina (PR). Em 1999, tornou-se arcebispo de Salvador (BA), nomeado pelo mesmo papa.

"Ele marcou a história da Arquidiocese primacial do Brasil, bem como dos outros lugares onde viveu e serviu, com o seu testemunho de fé e de caridade, com sabedoria e amor à igreja, promovendo a unidade, o diálogo, a fraternidade e a paz", afirmou a arquidiocese de Salvador, em nota. As paróquias da capital baiana também celebrarão missa em homenagem ao arcebispo emérito neste domingo (27).

Junto com médica sanitarista Zilda Arns, dom Geraldo ajudou a criar, em 1983, a Pastoral da Criança, organização de voluntários que promove ações de saúde e nutrição às famílias pobres. A Pastoral hoje acompanha no Brasil 360 mil crianças, de acordo com dados da entidade, além de atuar em outros 11 países da América Latina, África e Ásia.

Dom Geraldo também é um dos responsáveis pela beatificação de irmã Dulce, em 2011, quando era arcebispo de Salvador. O processo de canonização começou na década de 2000, quando a Santa Sé deu validação jurídica a um milagre atribuído à freira — uma mulher em Sergipe que sofria de hemorragia após o parto. Dom Geraldo escreveu a oração à Irmã Dulce.

Irmã Dulce se tornou em 2019 a primeira santa brasileira, ao ser reconhecida pelo Vaticano.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou, através das redes sociais, ter recebido "com profundo pesar" a notícia da morte.

"Dom Geraldo teve uma virtuosa trajetória no desempenho das diversas funções eclesiásticas para as quais foi designado, além de ter engrandecido as instituições de ensino em que exerceu o magistério, com sua cultura e humanismo. Meus sentimentos e orações a seus familiares e amigos".

Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná, escreveu que "a comunidade católica" e o estado "perdem um homem que atuava sempre em benefício do próximo".

Marcelo Belinati (PP), prefeito de Londrina, afirmou que Geraldo "deixa grande legado para a humanidade".

"Criou um dos maiores programas sociais pela vida das crianças. A criação de um simples soro caseiro que reduziu quase a zero a mortalidade infantil na região de Londrina. Além de prevenir tantas mortes, cuidava para que a criança não ficasse desidratada e desnutrida", escreveu Belinati nas redes sociais.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), lamentou a morte nas redes sociais e lembrou a participação do arcebispo emérito na beatificação de santa Dulce.

"Dom Geraldo deixa um imenso legado de fé, amor à igreja e testemunho da vida cristã. Que Deus, em sua infinita misericórdia, o acolha e conforte o coração de todos", escreveu o prefeito.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também se manifestou em publicação nas redes sociais.

"Recebi com pesar a notícia do falecimento do Cardeal dom Geraldo Majella Agnelo. Homem de fé, que exerceu um bonito trabalho à frente da Arquidiocese de Salvador, especialmente em favor dos mais pobres."

Dom Geraldo foi arcebispo emérito de Salvador a partir de 2011, quando seu pedido de renúncia ao título de arcebispo da capital baiana foi aceito pelo então papa Bento 16. Geraldo mudou-se para Londrina em 2014.

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