Descrição de chapéu Obituário Lourdes Maria Rizzo Ramires (1929 - 2023)

Mortes: Matriarca de três gerações, era dona de panelas mágicas

Lourdes Maria Rizzo Ramires fez da cozinha o lugar de reunião da família

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São Paulo

Aos olhos de uma criança, as panelas da casa de Lourdes sempre foram mágicas. Tanto pelo tamanho quanto pela capacidade de alimentar uma família que começou grande e só aumentou.

"Pareciam gigantescas, muito maiores do que as da minha casa", lembra Samuel Friedman, 39, um dos 11 netos. A comida, aliás, faz parte de quase todas as memórias com a matriarca, como nos almoços em que o avô dizia "gostou? Aproveita porque ela usou o que tinha na geladeira, não vai nem lembrar do que fez depois".

As habilidades culinárias de Lourdes Maria Rizzo Ramires eram reconhecidas por toda a família e pessoas próximas. "Afinal, com sete filhos, ela sempre cozinhava para, no mínimo, nove pessoas", diz o neto. A cozinha de sua casa em Pinheiros, bairro em que viveu em São Paulo, concentrava conversas, encontros e festas.

lourdes posa sorrindo para foto enquanto mexe com uma colher em uma panela de feijoada que está sobre o fogão
Lourdes Maria Rizzo Ramires (1929-2023) - Arquivo pessoal

"Imagine que todo mundo vai se casando, e aí num aniversário havia 30 ou 40 pessoas, girava tudo em torno da comida."

Nascida em 1929 na vila capixaba de João Neiva, hoje um município com 14 mil habitantes, Lourdes era de uma das famílias de italianos que se estabeleceram na região no fim do século 19. Mudou-se ainda na infância para a capital paulista, onde viveria por toda a vida.

Foi em São Paulo que conheceu um jovem de Sorocaba, cuja família também havia se mudado para a cidade, o contador e comerciante João Ramires. Casaram-se nos anos 1950. Nos verões, Lourdes e João comandavam as atividades de férias em casa, na capital, ou em Santos, no litoral paulista, primeiro com os filhos e depois com os netos.

Mas a principal atividade do ano na casa da avó era a preparação de capeletes para a ceia de Natal. "Imagine, em dezembro, aquele calor desgraçado e todo mundo na cozinha suando para fazê-los, mas muito felizes", afirma Samuel.

Presente na vida de três gerações, Lourdes ensinou por meio do trabalho de uma vida inteira criando e orientando os seus. "Embora só tenha feito o ensino básico, tanto ela como meu avô nos incentivaram a estudar, o que foi muito importante na nossa história familiar."

Com a idade mais avançada e menos tempo no fogão, Lourdes era constantemente procurada para ensinar as receitas, incluindo a de um bacalhau de panela que continua circulando por outras cozinhas. "Era de comer de joelhos de tão bom", diz Samuel.

Lourdes morreu em 31 de julho, aos 94 anos, por complicações de uma infecção pulmonar. Deixa sete filhos, 11 netos e 4 bisnetos —conheceu o último deles uma semana antes do falecimento.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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