Descrição de chapéu Obituário Josias da Silva (1966 - 2023)

Mortes: Velho da RX se tornou lenda das motos dois tempos em Blumenau

Carismático, Josias da Silva era presença certa nos eventos com sua motocicleta

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São Paulo

No Brasil, há muitos amantes das motos dois tempos, mais leves, de fácil manutenção e mais baratas que as quatro tempos, e Josias da Silva, 57, certamente era um dos mais apaixonados.

O catarinense de Blumenau era conhecido como o Velho da RX por causa da motocicleta RX-125 que ele montou peça por peça havia 11 anos e que, desde então, esteve presente em praticamente todos os eventos relacionados ao motociclismo no estado, indo de cidade em cidade a convite dos organizadores.

A feição simpática e sorridente em meio a uma grande barba grisalha se tornou conhecida no meio e ele passou a divulgar seus feitos nas redes sociais.

No início, os filhos atualizavam suas redes, mas, nos últimos tempos, ele próprio já fazia o trabalho de divulgação. O primogênito, João Carlos, o Panga, 34, administrava a conta do Instagram, que atualmente tem 252 mil seguidores, e Flávia, 21, gerenciava o TikTok, com 202,5 mil.

Josias da Silva, o Velho da RX (1966 - 2023)
Josias da Silva, o Velho da RX (1966 - 2023) - Reprodução Instagram

Aproveitando sua fama e carisma, em 2020 ele se candidatou a vereador de Blumenau pelo PT, mas recebeu apenas 70 votos e não se elegeu.

A paixão de Josias pelas motos começou cedo, aos 11 anos, quando andava de carona na RX do primo Davi. Na década de 1980, quando fazia entregas de bicicleta para a transportadora do pai, ele teve ajuda do genitor para comprar sua primeira moto, uma RX-80.

Em 2011, ele montou peça por peça a RX-125 que passou a ser sua parceria de estrada e de eventos. E sua marca registrada era o borrachão, quando acelerava a moto parada, levantando muita fumaça, até estourar o pneu traseiro, para delírio dos presentes. Algumas vezes, o motor era que acabava quebrando, mas ele sempre andava com peças reservas para essas ocasiões.

Apesar de ser sempre requisitado, o Velho da RX nunca recebia pagamento pelas apresentações e vivia com uma aposentadoria de R$ 1.400. Conseguiu alguns patrocínios para bancar pneus e combustível, mas não sobrou para dar a ele uma vida melhor. Ele se apresentava pelo amor às motos dois tempos.

Há dez anos, ele teve câncer de bexiga e, após um ano fazendo raspagem, a técnica não deu resultado e ele precisou ser operado para a retirada da bexiga, da próstata e do apêndice. No procedimento, chamado cistectomia radical, seu estômago foi dividido ao meio para uma parte fazer as vezes da bexiga.

Havia a possibilidade de ele passar o resto da vida usando uma bolsa de colostomia, mas a operação deu certo e não foi necessário, dando a chance a ele de voltar à vida normal.

Mas um ano depois, ele teve a perda dos nutrientes do corpo e, após ficar tetraplégico, mexendo apenas a boca e os olhos, entrou em coma. Com o tratamento de transfusão de sangue e fisioterapia, ele conseguiu se recuperar.

Josias também sofria com uma artrose degenerativa na coluna que provocava dores constantes e não o deixava exagerar em cima da moto.

"Meu pai não se entregou em nenhum momento e o câncer foi um dos motivos que o fizeram aproveitar cada momento. Era a alegria de viver que o mantinha, até o ponto em que o corpo chegou ao limite", disse Panga.

O Velho da RX morreu na madrugada de 10 de agosto, aos 57 anos, em Blumenau, quando seus rins pararam como sequela do câncer. Ele deixa a mulher, Elaine, 61, com quem ficou casado por 37 anos, os filhos João Carlos e Flávia, as netas Yasmin e Milena, e uma legião de amigos e seguidores nas redes sociais.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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