Operação em SP mira desvio milionário de dinheiro ao exterior por criptomoedas

Grupo teria movimentado R$ 500 milhões para o tráfico e o contrabando, segundo Receita e Polícia Civil; um homem foi preso em Guarulhos

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São Paulo

A Receita Federal e a Polícia Civil cumpriram nesta quarta (2) sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e Guarulhos contra suspeitos de serem operadores financeiros de um esquema milionário de remessas de dinheiro ilícito ao exterior.

De acordo com a polícia, um homem de 31 anos foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.

Na sua residência, no bairro Picanço, em Guarulhos, foram encontrados R$ 16 mil em espécie e 18 cartões bancários. Uma mulher de 28 anos que também estava no local está sendo investigada.

Ao todo, mais de R$ 300 mil acabaram apreendidos durante a operação desta quarta em vários locais.

Os mandados foram cumpridos na segunda fase da operação Fractal, que aponta que o dinheiro movimentado serve aos interesses do crime organizado, como facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas e contrabandistas de produtos importados.

Segundo a investigação, operadores financeiros alvos dessa fase foram responsáveis pela circulação de quase R$ 500 milhões em duas contas bancárias, de duas empresas de fachada. Os valores depositado eram pulverizados em outras contas, visando dificultar seu rastreamento, e depois eram remetidos ao exterior. Todo o montante tem, origem ilícita, segundo a Receita.

Materiais apreendidos durante a operação; entre eles, moedas em diversos valores - Divulgação/Receita Federal

Os valores sonegados nas transações investigadas nessa fase da operação ultrapassam R$ 100 milhões, segundo estimativa da Receita Federal.

Em um outro imóvel, no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, dois homens de origem estrangeira, de 42 e 54 anos, estavam em posse de 1,4 mil euros e 21 mil dólares —a nacionalidade deles não foi informada. No endereço foram localizadas 36 caixas de cartucho, quatro caixas de projéteis e três carregadores de munição.

Um outro homem, de 47 anos, tinha em dois endereços, situados no Brás (centro de São Paulo) e em Guarulhos, mais de R$ 299 mil em espécie, além de 12,2 mil euros e 19,9 mil dólares.

"Ainda foram apreendidos, nas casas dos investigados, dinheiro em espécie, notebooks, celulares, pen-drives, CPUs, máquinas de cartão e documentos, que auxiliarão no prosseguimento na apuração", afirmou a Polícia Civil, em nota.

O nome da operação está relacionado à forma de atuação da organização. Até ser remetido para fora do país, por meio de operações com criptomoedas, o dinheiro passava por dezenas de empresas inidôneas, estruturadas em níveis que se assemelham a um fractal, objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original.

A primeira fase da operação foi deflagrada em outubro de 2022 e teve como alvos contribuintes que criavam e administravam formalmente as empresas de fachada, denominados "operadores formais". Na segunda fase, os alvos são os operadores financeiros dessas empresas. São essas pessoas que possuem acesso às contas bancárias, fazem o dinheiro circular entre as várias empresas e são a principal interface com os verdadeiros beneficiários do esquema.

Os suspeitos do esquema foram identificados com o avanço das investigações e com base em informações obtidas nos materiais apreendidos na primeira fase, bem como em procedimentos fiscais em andamento.

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