Descrição de chapéu violência

Presidente de cooperativa de mototáxi em Santos é baleado pela PM na Operação Escudo

Policiais dizem que ele estava armado e reagiu, versão contestada por testemunhas

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São Paulo

Um homem de 43 anos, presidente de uma cooperativa de mototáxi em Santos, no litoral paulista, foi baleado por policiais militares durante a Operação Escudo no morro José Menino, na manhã desta quarta-feira (30).

Policiais do 5° Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), com sede em Barueri, na Grande São Paulo, disseram que o homem apontou uma arma para eles, que revidaram. Testemunhas negam que o baleado estivesse armado ou representasse risco para os PMs.

Familiares do homem baleado e dezena de motoqueiros realizaram na noite desta quarta um protesto na orla da praia no limite entre Santos e São Vicente contra a ação da polícia. Eles pediam o fim das ações violentas nos morros e diziam que trabalhador não é bandido.

Até a noite de quarta, 24 pessoas foram mortas pela polícia na operação, desencadeada após a morte de um soldado da Rota em 27 de julho em Guarujá, na Baixada Santista.

Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, o homem foi baleado por volta das 11h30, dentro da sede da cooperativa. O imóvel foi alugado há duas semanas, com a intenção de oferecer mais comodidade aos motoboys, para que pudessem descansar, carregar seus celulares ou tomar banho.

Movimentação de policiais militares do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) na Vila Baiana, em Guarujá, na Baixada Santista
Movimentação de policiais militares do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) na Vila Baiana, em Guarujá, na Baixada Santista - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

Foi justamente a última opção que teria feito com que o presidente da cooperativa seguisse para lá na manhã desta quarta-feira.

Conforme a testemunha, ele foi tirar o casaco e tomar um banho para se refrescar, momento em que apareceram os policiais.

A mesma pessoa afirmou à reportagem que o homem baleado havia sido abordado por PMs no local na terça-feira (29). Os policiais deixaram o imóvel após a apresentação de documentos de quem estava ali.

Em nota, a Polícia Militar declarou que PMs foram até uma casa e bateram à porta na tentativa de identificar homens que haviam corrido pelas vielas. Ainda de acordo com a corporação, foi nesse instante que uma pessoa surgiu com uma arma na mão, que resultou nos tiros dados pelos policiais.

Segundo a PM, mesmo baleado e ainda com a intenção de fugir, o indivíduo pulou a janela do banheiro, caindo de uma altura de aproximadamente três metros. Ele foi levado à Santa Casa de Santos, onde segue internado.

O caso foi registrado no 2° DP de Santos como lesão corporal decorrente de intervenção policial, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, legítima defesa e resistência. Uma arma foi apreendida.

OPERAÇÃO É A MAIS LETAL DA PM EM MAIS DE 30 ANOS

Escudo é a operação da Polícia Militar paulista mais letal desde o massacre do Carandiru. Ela foi deflagrada no fim de julho, após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota. Moradores denunciam que alguns casos envolveriam pessoas desarmadas, e relatam invasões de casas por policiais mascarados, ameaças e indícios de tortura. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nega e afirma que não há evidências de abusos.

Imagens de câmeras corporais de policiais militares enviadas ao Ministério Público de São Paulo mostram registros de confrontos com criminosos em apenas 3 dos 16 casos iniciais em que houve mortes, que ocorreram entre os dias 28 de julho e 2 de agosto.

Por cerca de duas semanas, a operação na Baixada Santista não teve mortes. No último dia 15, um delegado da Polícia Federal foi baleado e, segundo entidade, ficou em estado grave. Após o ataque ao agente federal, sete pessoas já morreram em ações da PM.

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